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09/Mar/2023

Açúcar: reoneração não impacta cotações futuras

Uma semana após a retomada da cobrança dos impostos federais sobre etanol e gasolina, analistas avaliam que o cenário do biocombustível pouco deve alterar os níveis de preços futuros do açúcar demerara na Bolsa de Nova York. Segundo a StoneX, outros fundamentos no momento são bem mais importantes, como a questão da produção da Índia. Apesar de não alterar os rumos do mercado do açúcar, a expectativa de especialistas é de preços mais altos para o etanol nos próximos meses e de aumento do poder de barganha das usinas para venda do biocombustível. O reajuste tarifário aplicado nestes primeiros dias de março tende a ser vantajoso para as usinas de etanol por elevar a competitividade do biocombustível. As indústrias do setor optam por produzir o etanol ou o açúcar a partir de cana-de-açúcar e a escolha, em geral, costuma se basear em qual produto oferece o melhor retorno financeiro. Qualquer incentivo que a usina tiver para vender etanol em um nível um pouco maior, ela vai se aproveitar.

Com os efeitos da desoneração, o preço médio do etanol nos postos de combustíveis de São Paulo, que estava próximo de R$ 4,70 por litro em abril de 2022, passou a R$ 2,40 por litro em setembro do mesmo ano, momento em que a gasolina estava mais competitiva ante o biocombustível. Agora espera-se uma demanda maior para o etanol, mas dentro de um cenário de demanda muito baixa ainda. O setor está no período da entressafra e este estímulo à procura por etanol pode não ser correspondido imediatamente pela oferta. O incentivo aos preços do etanol deve dar um poder maior de barganha às usinas, mas no momento não há muita margem. Para o Rabobank Brasil, a retomada dos impostos traz uma perspectiva mais favorável para as usinas brasileiras, porque a aplicação de um menor valor do imposto no caso de etanol frente à gasolina restabelece uma vantagem competitiva para o biocombustível. Porém, à primeira vista, essa reoneração não parece suficiente para provocar uma mudança significativa no mix planejado para a safra 2023/2024, dado que o mercado de açúcar continua, por enquanto, bem apoiado, com a curva de futuros acima dos 19,00 centavos de dólar por libra-peso ao longo de 2023.

Caso o preço de petróleo e da gasolina siga entre US$ 80,00 por barril e US$ 90,00 por barril, respectivamente, o etanol chegaria a uma paridade equivalente a 16,00 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York, muito mais baixo do que a curva dos preços de açúcar demerara oferece hoje (acima dos 20,00 centavos de dólar por libra-peso). Por conta disso, as mudanças nos preços dos biocombustíveis não tendem a alterar os níveis de preço do açúcar. O etanol também não deve influenciar tanto no mercado de açúcar, pois o principal motor para os preços do açúcar nos últimos tempos tem sido a oferta mais limitada. Desde o último trimestre de 2022, os preços do açúcar avançam de forma acentuada com a quebra da safra indiana. A Índia divulgou volumes de produção abaixo do esperado pelo mercado e de suas previsões iniciais para o ciclo. Com isso, o vencimento março chegou a ficar acima de 22,00 centavos de dólar por libra-peso, o maior preço desde 2016.

Mesmo sem o auxílio tão expressivo da produção indiana, a Organização Internacional do Açúcar (OIA) ainda prevê 4,151 milhões de toneladas de superávit no balanço entre oferta e demanda global. O volume está acima das previsões de outros players, que já estimam déficit no ciclo. A disponibilidade do açúcar, no entanto, ainda não atingiu o mercado, já que os volumes mais expressivos esperados para a safra ainda não saíram dos países de origem, como o Brasil. Quando a safra brasileira começar (em abril), deve haver uma pressão um pouco mais baixista nos preços da Bolsa de Nova York. Em contrapartida, que o cenário de açúcar e etanol ainda não está totalmente definido. Há chance de mudanças no mercado energético brasileiro, o que pode alterar também as perspectivas para os preços. Outros elementos-chave do mercado de combustíveis, como a metodologia de precificação da gasolina, estejam sob análise. Qualquer mudança relevante em um destes elementos poderia engatilhar mais uma revisão dos impostos, afirmou o Rabobank. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.