14/Fev/2023
A exportação de açúcar e de outros granéis neste ano poderá gerar gargalos logísticos em portos estratégicos do Brasil, como Santos (SP). Como consequência, o descompasso internacional entre oferta e demanda pelo adoçante e a concorrência entre o produto e os grãos para o escoamento tendem a elevar os custos de frete em 7,5%, para próximos de R$ 200,00 a tonelada. Provavelmente teremos uma competição por espaço nos próximos meses. O Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística da Esalq/USP reforça essa visão. A depender dos volumes de granéis exportados, o Porto de Santos, que tem capacidade média de exportação de granéis sólidos agrícolas de 7,9 milhões de toneladas ao mês, tende a operar muito próximo de seu limite operacional. Dependendo de como for essa curva de exportação, que pode chegar a 8,0 milhões a 8,3 milhões de toneladas, é possível que o porto passe por gargalos operacionais, principalmente de março a maio. Os terminais portuários que operam com açúcar no País também levam grãos e, devido ao fluxo das exportações e o ritmo de crescimento das safras de soja e milho no Brasil, desde 2021 observa-se uma sobreposição de ambos os produtos, especialmente com o início da safra açucareira (em abril).
Por enquanto, o ritmo de embarque do adoçante está mais lento, com a entressafra do setor sucroenergético. Em janeiro deste ano, o Brasil exportou 2,12 milhões de toneladas de açúcar. Basicamente, as exportações que acontecem neste momento ainda são oriundas dos estoques de passagem do último ano. Embora dentro do habitual, o volume embarcado de açúcar brasileiro ainda está aquém do projetado pelo mercado externo. Com o aperto na oferta mundial em função da redução de volumes exportados por outros players importantes, como a Índia, o produto brasileiro pode ser mais demandado. O mercado queria estar mais abastecido e, por isso, gostaria que o Brasil estivesse entregando mais do que está. Apesar da procura, o ritmo atual dos embarques não indica problemas logísticos ou falta de capacidade pelo País. Há apenas contenção em função dos estoques internos mais limitados. No entanto, dificuldades logísticas podem começar a ser observadas com o início da safra 2023/2024 do Centro-sul do País, a partir de abril.
A Esalq-Log espera que o volume de exportação de açúcar aumente 9% a 10% ao mês com o início do ciclo, o que tende a coincidir com a época final de escoamento da soja. Ou seja, há um preço do frete rodoviário e ferroviário bastante elevado e a situação do escoamento se agrava no mês de julho, quando há a entrada das exportações do milho 2ª safra. Em função deste cenário, as exportações mensais de açúcar do Centro-Sul do Brasil serão limitadas neste ano a cerca de 2,6 milhões de toneladas e qualquer volume acima desse limite rolará para o próximo mês. Considerando o aperto, o custo médio do frete para levar açúcar de Ribeirão Preto (SP) ao Porto de Santos, que está em torno de R$ 186,00 por tonelada neste início de ano, pode alcançar o patamar de R$ 200,00 por tonelada. Os atuais patamares de preço já são praticamente o dobro do valor cobrado há um ano. Do lado da indústria, as empresas observam a possibilidade de gargalo em Santos e as possíveis elevações do frete. Algumas usinas começaram a diversificar os destinos de escoamento do produto, realizando exportação de açúcar pelo porto de São Francisco do Sul (SC). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.