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27/Jan/2023

Açúcar: preços em alta com menor oferta da Índia

A perspectiva de oferta de açúcar mais escassa na Índia deve limitar a disponibilidade no mercado global e impulsionar os preços do adoçante nos próximos meses. Analistas veem fundamento nos rumores de que o segundo maior exportador de açúcar poderia mandar para fora apenas as 6 milhões de toneladas já estabelecidas para a temporada, contrariando a expectativa de anúncio de uma cota adicional de exportação. A HedgePoint Global Markets afirma estar 'neutro/altistas' neste começo do ano por conta dessa situação com a Índia. Até o momento, a produção de cana-de-açúcar do país asiático na temporada (outubro de 2022 a setembro de 2023) caminha em um ritmo mais acelerado do que em igual período do ano passado, quando fechou o ciclo com um recorde de cerca de 500 milhões de toneladas processadas. Entretanto, a produtividade agrícola tem ficado abaixo do esperado principalmente em dois estados, Maharashtra e Karnataka.

A principal pressão tem sido as chuvas durante o período de desenvolvimento da cana, o que atrasa o crescimento vegetativo da cultura Neste cenário, a S&P Global Commodity Insights reduziu a perspectiva de produção de açúcar pelo país de 35 milhões de toneladas para 34,2 milhões de toneladas e estima que a Índia exportará, no limite, 7 milhões de toneladas de açúcar. A Associação Indiana de Usinas de Açúcar (Isma) estimava fabricação de 36,5 milhões de toneladas de açúcar na temporada e exportação de 8 milhões de toneladas. Se a produção for menor do que o previsto, não se descarta que a exportação seja menor ainda. Se a Índia anunciar algum volume adicional de exportação o fará entre março e abril. A HedgePoint também baixou a estimativa de produção de açúcar em quase 1 milhão de toneladas, para 35,5 milhões de toneladas no ciclo e considera que, mesmo neste patamar, o país não deve exportar mais do que as 6 milhões de toneladas já anunciadas.

Embora se cogitasse no início da temporada que o governo indiano aproveitaria os preços globais mais altos para reduzir estoques e vender mais açúcar ao mercado externo, o cenário mudou. O governo só vai permitir um estoque menor caso o preço esteja excelente, acima de 20,00 centavos de dólar por libra-peso, e não há uma perspectiva para isso. Será muito difícil ver cotas adicionais. A S&P prevê que o açúcar demerara na Bolsa de Nova York deve oscilar entre 19,00 centavos de dólar por libra-peso e 21,00 centavos de dólar por libra-peso até o início do segundo trimestre. Caso a Índia não anuncie cotas adicionais, os futuros tendem a operar na margem superior desse intervalo no período. Com o início da safra brasileira, a partir de abril, e a chegada do principal país exportador ao mercado internacional, entre junho e julho, os contratos podem ceder para 17,00 centavos de dólar por libra-peso. Rumores quanto à oferta indiana são comuns nos primeiros trimestres do ano, período de entressafra no Brasil e quando a produção daquele país dita o ritmo do mercado.

A própria Índia incentiva especulações sobre a quebra de safra para sustentar os preços do açúcar no mercado interno e manter o produto valorizado. Nunca se sabe quando estão usando essa estratégia ou quando, de fato, estão reportando perdas. Embora as analistas vejam indícios de uma produção mais enxuta do que o previsto, as informações vindas da Índia não permitem consenso. No mercado, as estimativas para oferta total de adoçante indiano variam entre 32 milhões de toneladas e 36 milhões de toneladas. Essas 4 milhões de toneladas fazem uma grande diferença no balanço global, então todos estão olhando e vão continuar olhando para a safra da Índia nas próximas semanas e meses. Apesar de ser grande a chance de a produção e exportação da Índia caírem ante o previsto, o balanço entre a oferta e demanda global ainda deve ser positivo. A S&P estima excedente na temporada de 3,8 milhões de toneladas, já a HedgePoint prevê superávit de 3,5 milhões de toneladas. Mas, não se considera a possibilidade de déficit de açúcar no mundo, mesmo que haja novas reduções na oferta indiana. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.