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18/Nov/2022

Alta do etanol impactando nos preços da gasolina

O aumento do etanol anidro desde meados de setembro tem puxado o preço da gasolina nos postos de abastecimento nas últimas nove semanas, apesar da Petrobras manter o valor do combustível fóssil congelado há 77 dias em suas refinarias. Desde meados de setembro, o etanol anidro subiu 16,1%, impactando o preço da gasolina pela mistura de 27% por litro. A alta do biocombustível tem sido causada pela valorização do açúcar, que concorre com a produção de etanol, e pelo atraso da safra deste ano. De acordo com dados da Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), o etanol anidro passou de R$ 2,83 por litro em 11 de setembro para R$ 3,29 por litro em 11 de novembro. Nos postos, o etanol hidratado também tem sentido a pressão altista, passando de R$ 3,37 por litro em setembro para R$ 3,79 por litro na semana passada, alta de 12,5%, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a gasolina que se usa é a C, e não a A, cujo preço é controlado pela Petrobras nas refinarias e que leva 27% de álcool anidro para ser vendida aos postos. Houve uma valorização dos produtos da cana-de-açúcar, e essa valorização está chegando no álcool anidro, o que por sua vez aumenta o preço da gasolina. A alta é considerada uma questão sazonal. O aumento registrado pela gasolina tem sido discreto, se comparado à queda que o combustível nos últimos meses por conta da redução de impostos. O preço médio da gasolina ultrapassou os R$ 5,00 por litro na semana passada, patamar que não era registrado desde a segunda semana de setembro deste ano. Em relação aos preços anteriores à alta do etanol, o preço da gasolina subiu 4,3% desde meados de setembro até a semana passada. De qualquer maneira, é uma alta ditada pela questão sazonal, não é um avanço permanente. O aumento é monitorado como efeito da alta do preço do álcool anidro, que tem um preço que depende muito das condições de safra e da oferta e demanda de açúcar.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea) informou em relatório que a demanda pelo etanol anidro continua aquecida, devido ao aumento de consumo da gasolina, o que não afetou o etanol hidratado. Inclusive, em um cenário de proximidade do encerramento da safra 2022/2023 no Centro-Sul e de foco das usinas na entrega de produto via contrato de ano-safra, algumas distribuidoras estudam adquirir novas quantidades do anidro no mercado spot de São Paulo. Para a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), além da alta sazonal do etanol, o preço da gasolina nos postos vem sendo também elevado pelo repasse das distribuidoras em algumas localidades que precisam importar o combustível, devido ao déficit de produção nas refinarias brasileiras. Também o mercado da Bahia tem influenciado o preço, com a refinaria privatizada no final de 2021 reajustando o preço dos seus produtos semanalmente de acordo com o mercado internacional.

Porém, a maior preocupação do setor no momento é a provável alta em relação ao preço dos combustíveis, que deve ocorrer a partir de 1º de janeiro, quando termina o prazo para a vigência da redução do PIS-Cofins sobre os combustíveis, que ajudou a elevar as vendas dos postos de abastecimento. Há uma grande expectativa do que vai ocorrer em relação à questão da carga tributária. Os impostos foram zerados e poderá ter um impacto nas vendas a partir de 1º de janeiro de 2023. O Instituto de Energia da PUC-RJ concorda que a recente alta da gasolina é puxada pelo encarecimento do etanol anidro, de natureza sazonal, mas que também é uma reação à escalada das cotações internacionais do combustível, que baliza a política de preços dos agentes privados no mercado. No caso do etanol, o momento de entressafra e a demanda continua alta. É normal o preço subir nesse período. Faz parte do script essa variação do preço no fechamento da safra. Mas, esse preço também evolui de acordo com o mercado internacional, principalmente as refinarias totalmente privadas.

O mercado nacional segue de perto o preço de importação. Esse preço tinha caído muito até outubro, mas voltou a subir, principalmente nos últimos dias. No Golfo do México (EUA), entre 31 de outubro e 4 de novembro, o preço do galão da gasolina saltou de US$ 2,95 para US$ 3,35, com um pico de US$ 3,60 por galão no período. Os preços do Golfo do México são o principal fator no cálculo do preço de paridade de importação (PPI), ao lado da variação do dólar, do frete e do seguro de carga. O PPI é a referência do mercado nacional, inclusive Petrobras, cujas refinarias têm se distanciado desse balizador. Outros agentes, como a Refinaria de Mataripe, da Acelen, na Bahia, empresa do fundo Mubadala que atende 14% do mercado nacional, têm sido fiéis ao PPI, o que tem sido levado para as bombas. Dados da ANP mostram que o preço médio da gasolina comum nos postos da Região Nordeste, servida pela Acelen, ficou em R$ 5,16 por litro na segunda semana de outubro, com alta acumulada de 6,8% desde o início do mês, o maior preço regional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.