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03/Out/2022

Etanol: usinas estocam à espera de alta dos preços

Usinas estão estocando etanol na expectativa de que os preços do biocombustível voltem a subir. Segundo a Bioagência, a decisão do governo federal de zerar os impostos sobre os combustíveis fósseis frustrou a projeção de um ano positivo para as vendas. Essa desoneração é fatal para o setor, porque, para acompanhar o preço da bomba sem tributo, os valores praticados na usina, em muitos casos, estão abaixo do custo. Os impostos foram retirados em junho e reduziram a competitividade dos biocombustíveis frente à gasolina e ao diesel. Não há definição sobre a retomada da cobrança em 2023, mas a proposta do governo para o orçamento do ano que vem, enviada ao Congresso, mantém a desoneração. Na safra anterior, 2021/2022, a produtividade foi menor devido aos períodos prolongados de seca, com incêndios em algumas áreas, além de geadas. Para recompor a produtividade, é preciso dinheiro e esse recurso não veio, por causa da desoneração.

Usinas que só produzem etanol representam um terço do mercado do biocombustível, portanto sem a alternativa das demais indústrias de alterar o mix de produção para açúcar. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) reforça que estas usinas estão em uma situação muito mais complicada. Não há como manter a cana-de-açúcar no campo, então precisam estocar etanol no tanque, a qualquer custo. É o caso da usina Ceará-Mirim, produtora de etanol hidratado no Rio Grande do Norte. Com a desvalorização do etanol, a empresa mudou a estratégia de vendas. Em vez de começar a negociar com distribuidoras já no início da safra (entre agosto e outubro), a usina aumentou a venda direta para postos, em busca de preços mais competitivos, e o restante está sendo estocado. Como a usina tem capacidade, vai esperar para ver se há alguma reação de preços. A avaliação da Ceará-Mirim é de que os preços do etanol atingiram o piso e a tendência agora é de que comecem a reagir.

Por enquanto, os valores na venda se aproximam do custo de produção. Se a rentabilidade continua no zero a zero, nos canaviais a perspectiva é mais otimista. Após a quebra de safra na temporada passada, a Ceará-Mirim espera atingir 50% da capacidade total de moagem na safra 2022/2023, o que resultaria em 250 mil toneladas de cana-de-açúcar processadas no ano. Em 2024/2025 a companhia quer voltar aos patamares de antes da quebra, com moagem de 80% ou 90% da capacidade total. Com mais usinas estocando o etanol, o Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de Pernambuco (Sindaçucar/PE) elabora uma proposta de financiamento. Sobre a necessidade de apoio ao setor produtivo, a entidade destaca que todas as medidas do governo federal em relação a tributos têm que condizer com o financiamento de estocagem e com níveis de encargos acessíveis e compatíveis. Os instrumentos precisam andar juntos. São necessários programas que permitam uma maior flexibilidade nos níveis de produção.

O mercado de exportações de etanol para a Europa adquiriu um prêmio relevante em relação à comercialização no mercado interno. A Bioagência pondera, em contrapartida, apenas 5% de todo o etanol produzido no País é exportado e esse volume limitado se concentra em cerca de 20% das usinas nacionais, que possuem uma estrutura adequada, fluxos de pagamento e certificações exigidas pelo mercado internacional. No entanto, o aumento das exportações de gigantes do setor para a Europa não prejudica o segmento e até ajuda a maioria. Como o mercado tem a estrutura de “vasos comunicantes”, uma usina com um sistema de comercialização mais simples tende a ser beneficiada quando players mais robustos iniciam exportações e diminuem a oferta do produto no mercado. Ao abrir o mercado, abre-se a demanda e isso é extremamente benéfico tanto para os que exportam quanto para aqueles que ficam com um mercado um pouco mais enxuto. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.