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09/Mar/2022

Açúcar: prêmio do branco sobre o demerara avança

O prêmio do açúcar branco (diferença de preços entre o adoçante refinado, negociado na Bolsa de Londres, e o demerara, negociado na Bolsa de Nova York) vem aumentando nos últimos meses com a ajuda, entre outros fatores, do avanço das cotações do petróleo em razão da guerra entre Rússia e Ucrânia. Na segunda-feira (07/03), o prêmio terminou perto dos US$ 110,00 por tonelada, levando em conta os contratos maio tanto na Bolsa de Nova York quanto na Bolsa de Londres. Um mês antes, em 7 de fevereiro, considerando os contratos com vencimento em março, mais líquidos na ocasião, a diferença ficou na casa dos US$ 95,00 por tonelada; e em 7 de janeiro, por volta de US$ 88,00 por tonelada. O preço de energia subiu e isso se reflete no prêmio, já que a conversão do demerara para o branco exige energia. A alta no preço do petróleo também pode ajudar o consumo no Oriente Médio.

O prêmio poderia ser menor se o demerara alcançasse altas maiores em razão do petróleo, o que costuma acontecer porque o óleo valorizado tende a impulsionar o etanol no Brasil. Entretanto, isso ainda não aconteceu porque a Petrobras não tem reajustado o preço da gasolina nas refinarias. Com isso, a média nacional do biocombustível recuou nas últimas cinco semanas, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e acumula baixa mensal de 8,33%. Esse fenômeno fez com que o avanço do açúcar demerara nas últimas semanas fosse menor do que poderia ter sido. Isso manda um sinal de incentivo para as usinas produzirem mais açúcar e não mais etanol. O petróleo contribuiu para o alto prêmio do açúcar branco, mas a oferta reduzida também teve seu impacto. O Brasil produziu menos açúcar branco nas últimas safras.

A Tailândia, uma das principais exportadoras, que vinha tendo safras fracas, começou este ano com perspectivas melhores, mas agora já não se espera produção tão boa, o que interfere na disponibilidade do refinado. Deve haver recuo na área plantada de beterraba na Europa. Seria o quinto ano consecutivo de queda, já que os preços não estão sendo considerados muito atraentes. Embora o açúcar tenha se valorizado, commodities concorrentes, como trigo e milho, ganharam ainda mais e podem ter avanços maiores com a preocupação relacionada ao fornecimento por parte de Rússia e Ucrânia, importantes exportadores. Agora, é tarde para mudar a área de plantio de beterraba, que começa no próximo mês, mas quem tiver flexibilidade vai tentar plantar trigo, milho, canola. Enquanto a projeção de oferta caiu, a demanda apresentou recuperação parcial.

O enfraquecimento da variante Ômicron da Covid-19 nos Estados Unidos e na Europa também incentiva o consumo. O preço do açúcar branco pode estar próximo do limite. A Índia também exporta via Londres, e, no momento, a paridade de exportação está em US$ 470,00 por tonelada. No dia 7 de março, o contrato maio do açúcar terminou em US$ 533,30 por tonelada. Está com uma boa vantagem, o que tende a ser um fator limitante. A Índia, que ficou fora do mercado exportador por algum tempo, está retornando em razão do avanço dos preços e da produção positiva nesta safra. O prêmio geralmente sobe nesta época do ano em razão da sazonalidade e começa a cair em junho, quando a safra do Centro-Sul brasileiro entra com mais força; mas a Índia pode ajudar a desvalorizar mais cedo do que de costume. Um prêmio acima dos US$ 100,00 por tonelada atrai refinarias do Oriente Médio, o que pode elevar a oferta do açúcar branco e diminuir a diferença para o bruto. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.