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10/Jan/2022

Açúcar: tendência de preços sustentados em 2022

O cenário para o mercado doméstico de açúcar para 2022 vem sendo delineado a partir de perspectivas pouco favoráveis – que incluem não apenas os elevados custos com insumos importados e economias doméstica e mundial desaceleradas –, que prejudicam a produção e o consumo da commodity. Às incertezas em relação às variáveis macroeconômicas, como a taxa de câmbio e a oscilação nos preços de petróleo, somam-se preocupações com o clima – o que pode resultar em nova queda na safra – e, sobretudo, a temores de que a pandemia volte a impactar as economias mundiais. Internamente, a inflação elevada prejudica o poder de compra da população. Nesta conjuntura, as expectativas quanto à produção e ao consumo de açúcar no Brasil estão conservadoras frente às de 2021, a despeito da aposta na manutenção de preços doméstico e internacionais altos. O nível de preços praticados parece ter menor relação com os movimentos de oferta e demanda no mercado da commodity que com outros fatores exógenos, podendo-se incluir também o aumento no custo de frete, interno e internacional.

Sobre a produção de cana-de-açúcar na região Centro-Sul, a próxima temporada 2022/2023 pode ser considerada como um ciclo de recuperação. No entanto, o novo período de moagem se inicia com as sequelas de uma longa estiagem, de ocorrências de geadas e de grande número de focos de incêndios que assolaram os canaviais da região em 2021. Dessa forma, espera-se uma recuperação tímida. As projeções para a colheita de matéria-prima da safra 2022/2023 na região Centro-Sul variam entre 520 milhões de toneladas e 578 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. As expectativas do sistema Tempocampo, da Esalq/USP, por sua vez, apontam safra entre 530 milhões de toneladas e 578 milhões de toneladas entre os cenários pessimista e otimista, respectivamente. Mesmo no cenário otimista, a produção da matéria-prima pode não chegar à capacidade produtiva plena da região, o que certamente limitará o volume de açúcar.

Quanto ao clima, a Agência Climatempo indica chuvas abaixo da média histórica especialmente em São Paulo e Sul de Minas Gerais. Já para o Centro-Oeste, a previsão é de precipitações acima da média, com exceção do sudeste de Goiás e sudoeste de Mato Grosso do Sul. A estimativa é de que o mix de produção das usinas do Centro-Sul permaneça ligeiramente mais alcooleiro na próxima temporada, semelhante ao da atual temporada 2021/2022 – com 55% para o etanol e 45% para o açúcar. Se as variáveis macroeconômicas como o câmbio e petróleo sustentarem os preços da gasolina, o etanol estará mais competitivo e com valores atraentes para as usinas também decorrente de sua liquidez em um contexto de juros elevados. Caso não ocorram mudanças substanciais nas tendências tomadas pela economia brasileira, o dólar pode manter-se fortemente apreciado em relação ao Real. Mesmo com a possível alta dos juros nos Estados Unidos, o Real pode se manter depreciado em 2022.

Para o petróleo, o mercado está atento à variante ômicron do coronavírus. No caso de novas restrições serem mais leves, agentes esperam alta da demanda pelo petróleo, o que pode manter o valor do barril elevado, favorecendo, por sua vez, a ênfase na produção do etanol pelas usinas brasileiras. Na Índia, preocupações com a crise energética e com emissões de GHG têm feito o país aumentar a produção de etanol. O governo indiano quer elevar a mistura em 20% de etanol na gasolina até 2025. Com isso, a Associação das Usinas de Açúcar da Índia (Isma) diminuiu a expectativa de produção de açúcar na temporada 2021/2022, de 31 milhões de toneladas para 30,5 milhões de toneladas. Nesse cenário de clima desfavorável no Brasil e de concorrência do etanol com o açúcar, a produção mundial de açúcar deverá registrar novo déficit na temporada 2021/2022.

Para a Organização Internacional do Açúcar (OIA), o saldo negativo será de 2,55 milhões de toneladas. Quanto ao consumo mundial de açúcar, a OIA estima crescimento de 1,16% para a temporada (2021/2022) relativamente à anterior, o que corresponde a um volume de 173,03 milhões de toneladas. A taxa de avanço anual da demanda mundial de açúcar vem diminuindo. No início dos anos 2000, o crescimento anual era de mais de 2%. De acordo com a OIA, a demanda por açúcar está caindo em nações como Tailândia, Brasil e México, parcialmente, devido a campanhas contra o consumo de açúcar – relacionando este à obesidade e diabetes. Vêm se praticando ainda impostos mais elevados sobre o consumo de alimentos açucarados, sem comprovação de que tal fator isoladamente provoca externalidades negativas. Quanto aos preços internacionais, acredita-se que devem seguir em patamar mais elevado, em torno de 19 centavos de dólar por libra-peso, se as economias retomarem o crescimento, o que dará também suporte para os valores brasileiros do adoçante. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.