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10/Jan/2022

Etanol: tendência de preços sustentados em 2022

Os preços internos do etanol devem continuar em patamares sustentados no próximo ano, embora possam não repetir a máxima histórica alcançada em 2021. O mix açucareiro esperado para a próxima safra de cana-de-açúcar 2022/2023 e o desempenho do câmbio e do petróleo tendem a dar suporte ao biocombustível ao longo de todo o ano que vem. A próxima safra deverá ter produção pouco acima da atual e demanda maior. Tudo também depende da cotação do petróleo e do câmbio, que formam o preço da gasolina, mas o ano deve ser robusto. Ao longo de 2021, o biocombustível alcançou máximas históricas por uma combinação de fatores: o volume menor de moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul brasileiro em razão da seca e de estiagens, levando à queda na oferta do etanol; o alto preço do açúcar, que incentivou usinas a produzir mais adoçante em detrimento do biocombustível durante boa parte da safra; a valorização da gasolina no Brasil com uma combinação de petróleo em alta e dólar valorizado ante o Real; e o aumento da demanda por combustíveis com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e o relaxamento das medidas restritivas.

As previsões de moagem de cana indicam um aumento na comparação com a safra atual, mas resultado ainda abaixo da temporada 2020/2021, quando foram processados mais de 605 milhões de toneladas. A projeção inicial é de que o Centro-Sul moerá 565 milhões de toneladas a 570 milhões de toneladas de cana na safra 2022/2023, que começa em abril, 7% a 9% mais do que na atual, enquanto a expectativa para o etanol é de alta de 6,4% na mesma comparação, a 29,7 bilhões de litros. A moagem deve crescer mais do que a produção de etanol porque se espera que as usinas optem por dedicar uma parcela considerável da moagem ao açúcar em detrimento do biocombustível, já que os preços do adoçante serão mais altos. Se espera déficit de 1,8 milhão de toneladas de açúcar na safra global 2021/2022, que vai de outubro deste ano até setembro do próximo, então haverá forte demanda pelo produto brasileiro. A expectativa é de que o mix produtivo seja parecido com o da safra atual: 55% para o biocombustível e 45% para o adoçante, um percentual bem mais equilibrado do que em temporadas anteriores - em 2019/2020, por exemplo, 66% da moagem foi para o etanol.

Além disso, a Índia, maior produtora junto com o Brasil, deve ampliar a fabricação de etanol em detrimento do açúcar nos próximos anos, especialmente após painel da Organização Mundial do Comércio (OMC) recomendar que o país pare de subsidiar as exportações de açúcar – o investimento no biocombustível fará com que produtores de cana-de-açúcar tenham para quem vender o produto, já que a demanda de usinas de açúcar deve cair. A Associação Indiana das Usinas de Açúcar (Isma) estima que a produção de etanol deve retirar 3,4 milhões de toneladas de açúcar do mercado. Em razão desses fatores fundamentais, espera-se uma sustentação nas cotações do biocombustível. O preço do etanol, entretanto, não é formado de maneira autônoma, e sim em comparação com a gasolina, cuja cotação no Brasil é mais imprevisível por ser formada a partir de petróleo e dólar, duas variáveis notoriamente voláteis. Além disso, o preço nas refinarias ainda é definido pela Petrobras, que pode atrasar eventuais repasses ao consumidor de altas ou quedas na cotação internacional.

No caso do câmbio, a moeda norte-americana deve se manter valorizada ao longo do próximo ano em decorrência das eleições presidenciais no Brasil e de incertezas macroeconômicas. O dólar deverá oscilar entre R$ 5,60 e R$ 5,70 em 2022. Quanto ao petróleo, há alguns fatores altistas até 2022, principalmente porque o balanço está em déficit e porque na Europa falta gás natural e alguns países propõem substituição por derivados do óleo. Essa sustentação vai até março de 2022, quando termina o inverno no hemisfério norte. A partir daí, a tendência é de mais alívio nos preços de combustíveis derivados do petróleo, mas o câmbio pode avançar, o que sustentaria os preços no Brasil. Parte da formação de preços de combustíveis no ano que vem dependerá da atividade econômica global, que no próximo ano terá forte influência da Covid-19, em especial a variante Ômicron e o avanço da vacinação em diferentes regiões do mundo.

Se a trajetória de recuperação da atividade econômica e do avanço da vacinação continuar e caso não haja recrudescimento das infecções do coronavírus, a paridade entre etanol e gasolina deve continuar acima dos 70%, o que torna o derivado do petróleo mais competitivo. O setor sucroalcooleiro vem questionando qual é a paridade que torna a gasolina mais competitiva. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) afirma que, quando o setor vende 1,1 bilhão de litros com paridade superior a 80% em todos os Estados, é sinal de que a paridade de 70% não existe mais. Esse percentual foi definido numa época em que a gasolina tinha padrão distinto do atual, o nível de mistura de etanol era outro e a frota de veículos do País era diferente. Então hoje a paridade é outra. Quem vai definir é o consumidor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.