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15/Set/2021

Etanol: transporte dutoviário pode reduzir custos

O transporte rodoviário de cargas é hoje responsável por cerca de 65% do volume de mercadorias movimentadas no Brasil. Por representar uma parcela importante da infraestrutura do País, o risco de paralisações da classe de caminhoneiros tem sido uma preocupação recorrente desde a greve da categoria, realizada em maio de 2018. O aumento e a frequência do reajuste do preço do diesel têm sido os principais elementos da pauta de reivindicações dos caminhoneiros. Toda vez que esta pauta é acionada, provoca ansiedade na população, por causa do risco que representa ao abastecimento de produtos, o que inclui alimentos e combustíveis. O etanol é um elemento importante do abastecimento de combustíveis, visto que, em 2020, a soma do etanol anidro (aquele misturado à gasolina) e do hidratado representou 48% do consumo de combustíveis do ciclo Otto, gasolina mais etanol, em gasolina equivalente, ou 57,43% do volume total de combustíveis do ciclo Otto, de 42,46 bilhões de litros.

É neste contexto que cresce o papel por alternativas logísticas mais eficientes na distribuição de combustíveis, com especial destaque aos investimentos realizados no transporte de combustíveis por dutos, a exemplo das operações realizadas pela Logum Logística. Pioneira na construção e operação de dutos exclusivos para o transporte de etanol, a Logum Logística, empresa formada pela Copersucar (30%), Raízen (30%), Petrobras (30%) e Uniduto Logística (10%), administra hoje cerca de 350 quilômetros de dutos, com pontos de recebimento de etanol em Uberaba (MG) e em Ribeirão Preto (SP), e de entrega no centro de distribuição de Paulínia (SP), e no Porto de Ilha D'Água (RJ), de onde o biocombustível segue para o Nordeste, via cabotagem ou exportação. Em agosto, a Logum realizou a sua primeira operação de exportação, ao embarcar 40 milhões de litros de etanol para a Califórnia (EUA), evitando 733 viagens de caminhões.

Ainda é muito pouco, comparados aos cerca 1.600 quilômetros de dutos para o transporte de petróleo e cerca de 4.500 quilômetros de dutos para o transporte de derivados. Nos Estados Unidos, onde o consumo de gasolina é de cerca de 535 bilhões de litros por ano, equivalentes a mais de 12 vezes o consumo brasileiro, a malha de dutos de petróleo e derivados supera 310 mil quilômetros. Mas é um começo, e existem planos de ampliação gradual. Com um novo aporte de R$ 1,81 bilhão financiado pelo BNDES, a Logum também planeja ampliar o atendimento aos centros de consumo de São Paulo, com 128 quilômetros adicionais de dutos próprios a partir de Guararema (SP), divididos em dois trechos novos: um até São José dos Campos (SP) com 36 quilômetros, e outro até São Caetano do Sul (SP), com 92 quilômetros, passando por Guarulhos (SP).

O projeto prevê ainda a instalação de um terminal de armazenagem de combustível em Guarulhos (SP). De acordo com a empresa, os novos dutos, que começarão a ser inaugurados ainda este ano, vão substituir cerca de 400 mil viagens de caminhões por ano na região metropolitana de São Paulo. Com a extensão dos dutos, a Logum espera ampliar a movimentação de etanol dos atuais 2,5 bilhões de litros por ano, para cerca de 6 bilhões de litros por ano, sendo dois terços desse volume direcionado para atender aos novos pontos de entrega. A expectativa da empresa é de que, com a expansão da capacidade de transporte no trecho entre Paulínia e Guararema, ambos municípios paulistas, a movimentação anual de etanol atinja 9 bilhões de litros até 2030.

Neste ano, a meta de descarbonização do RenovaBio atualmente em vigor implica que o mercado de etanol combustível deva atingir no Brasil volume entre 48 bilhões e 50 bilhões de litros por ano em 2031, quando o País deverá estar reduzindo a emissão de gases do efeito estufa com o uso de biocombustíveis em 95 milhões de toneladas de CO2 equivalente. Além de proporcionar maior eficiência e competitividade na distribuição de etanol, ao reduzir a necessidade de utilização de caminhões, tais investimentos também estão alinhados com elementos da agenda ESG (ambiental, social e governança). Conforme a Logum, espera-se reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 230 mil toneladas de carbono equivalente ao ano, além de gerar efeitos positivos na arrecadação fiscal, ao reduzir a possibilidade e os impactos das sonegações. Fonte: Plinio Nastari. Agência Estado.