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23/Abr/2021

Açúcar: tendência é de preços globais sustentados

O Itaú BBA prevê um maior equilíbrio entre oferta e demanda global de açúcar na safra 2021/2022 do que na atual safra, referente ao ciclo 2020/2021, mas ainda projeta déficit na próxima temporada, de 800 mil toneladas. Na safra 2020/2021, é esperado um déficit mundial bem maior, de 4,9 milhões de toneladas. A produção global de açúcar deve aumentar 3,4% em 2021/2022, proveniente principalmente de Índia, Europa e Tailândia. A estimativa para o consumo é de crescimento de 1,1%, com a esperada retomada da economia. Esse crescimento da demanda pode ser considerado conservador, mas ainda não se pode descartar os riscos do recrudescimento da pandemia e seus efeitos sobre o consumo. É válido ressaltar que este baixo volume deficitário é sensível e qualquer mudança na safra dos principais países produtores pode mudar a tendência ou até aumentar o déficit. Com isso, está mantida a perspectiva de cotações firmes na Bolsa de Nova York ao longo de 2022, porém em patamares pouco menores que o esperado para este ano.

Há espaço para altas dessas cotações caso sejam observados problemas climáticos que alterem o cenário de oferta e impliquem aumento do déficit projetado. Adicionalmente, elevações das cotações do petróleo, que aumentem a atratividade do etanol no Brasil nas safras futuras, também poderão afetar positivamente as cotações do açúcar. Na Índia, a produção de açúcar poderá atingir 31 milhões de toneladas em 2021/2022, mesmo com o aumento da produção de etanol, 1 milhão de toneladas a mais do que o volume estimado para 2020/2021, de 30 milhões. A safra 2020/2021 na Índia e no Hemisfério do Norte começou em outubro do ano passado e termina em setembro deste ano. Em outubro, se inicia a safra 2021/2022 no Hemisfério Norte. O comportamento das monções em 2021, que têm início em junho, será determinante para a manutenção da estimativa de produção indiana. Em 2020, os produtores do país se beneficiaram de chuvas volumosas.

Com o fim do fenômeno La Niña, a expectativa é de precipitações dentro da normalidade no país. As condições climáticas em 2021, até agora, foram favoráveis ao plantio da cana do próximo ciclo na Índia e o retorno sobre o investimento vem se mostrando superior ao de outras culturas concorrentes. Os produtores indianos têm ainda outro estímulo para plantar, a meta de chegar em 2025 com 20% de mistura de etanol na gasolina, para o que serão necessários 12 bilhões de litros do biocombustível por ano, conforme estimativas. Hoje, a capacidade de produção do país é de 6,8 bilhões de litros, sendo 4,3 bilhões de litros de etanol proveniente da cana-de-açúcar. Na Tailândia, outro importante produtor de açúcar, as cotações remuneradoras do adoçante no mercado internacional e a perspectiva de chuvas em volumes dentro da normalidade sustentam a expectativa de uma produção de açúcar de 9,9 milhões de toneladas na safra 2021/2022, aumento de 33,8% ante 2020/2021.

Na safra 2020/2021, o país reduziu a área plantada com cana em razão da maior atratividade da mandioca no período de plantio. Na Europa, os produtores de beterraba, principal matéria-prima do açúcar na região, devem recuperar a produtividade nas lavouras na safra 2021/2022, em relação a 2020/2021, mas não há expectativa de aumento da área plantada, principalmente pelo fato de que o açúcar branco é o produto menos atrativo frente às outras culturas concorrentes desde novembro de 2020. Na temporada 2020/2021, as perdas de rendimento decorreram do vírus amarelo que atacou plantações de beterraba após a proibição dos neonicotinoides (classe de inseticidas utilizada para o controle dos pulgões, transmissores do vírus amarelo). Atualmente, alguns países do bloco estão liberando o uso emergencial do produto.

Diante deste cenário, a produção de açúcar em 2021/2022 na Europa e Reino Unido deve ser de 16,3 milhões de toneladas de açúcar, alta de 5,8% ante 2020/2021. Para a safra 2021/2022 no Centro-Sul do Brasil (que começou em abril e se estende até maio do ano que vem), é esperado menor volume de moagem de cana-de-açúcar em virtude da pequena redução de área, pelo aumento de plantio de cana-de-açúcar de 18 meses e perda de área para outras culturas, e da queda de produtividade em função do período seco de 2020, que não foi recuperado em fevereiro e março por causa de chuvas abaixo da média. Por isso, a moagem de cana-de-açúcar deve ser de 585 milhões de toneladas em 2021/2022, queda de 3,4% comparado com 2020/2021.

Com relação aos Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), com o enfraquecimento do La Niña e chuvas voltando à normalidade, a média de ATR retornaria à 139 quilos por tonelada de cana-de-açúcar, ante 144,7 quilos por toneladas em 2020/2021. Com isso e a perspectiva de uma safra açucareira, com mix de açúcar em 46%, a produção de açúcar deve alcançar 35,6 milhões de toneladas em 2021/2022, queda de 7,3% comparada com a safra anterior. Para o etanol de cana-de-açúcar, o recuo deve ser de 7,1% na produção, para 25,8 bilhões de litros em 2021/2022. A produção de hidratado deve cair 17,5%, para 15,5 bilhões de litros, enquanto para o anidro a previsão é de aumento de 14,5%, para 10,33 bilhões de litros. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.