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22/Mar/2021

RenovaBio: projeções indicam excedentes de CBios

Segundo o Santander, líder nas escriturações de CBios, contando com estoques de 2020 e fortes emissões de créditos de descarbonização em 2021, o mercado deverá registrar excedentes de CBios neste ano, apesar de uma esperada queda na produção de etanol. A análise é de que os preços sigam nos patamares atuais, em torno de R$ 30,00 por unidade ao longo do ano, uma vez que produtores de etanol e biodiesel (os emissores dos títulos) não teriam tanto interesse em vender abaixo desse patamar. A situação em 2021 é mais tranquila do que em 2020, quando o programa começou durante a pandemia, obrigando a uma revisão de volumes que as distribuidoras de combustíveis são obrigadas a adquirir para compensar as vendas de derivados de petróleo. O processo no ano passado acabou sendo tumultuado, com as vendas ficando mais concentradas ao final do ano, gerando pico de preço de R$ 62,00 por unidade.

Mas, a percepção é de que não haverá muita volatilidade neste ano, pois o preço não deve subir demais, com a ampla oferta; e nem recuar significativamente, pois não há disponibilidade de CBio abaixo de R$ 30,00 por unidade. Abaixo desse patamar de preço, os usineiros preferem não negociar, já que o crédito não tem data de vencimento. As metas de aquisições de CBios pelas distribuidoras neste ano estão estabelecidas em 24,86 milhões de unidades, ante 14,5 milhões em 2020. O Santander, que tem 78% dos CBios escriturados após o banco sair na frente neste mercado em 2020, estimou que o setor deverá emitir aproximadamente 30 milhões de unidades em 2021. Com os 4 milhões de CBios em estoques carregados do ano passado, o País deverá fechar o ano com um excedente de cerca de 10 milhões de CBios, considerando apenas compras da parte obrigada esperada para 2021.

Uma esperada queda na produção de etanol este ano, com uma safra "açurareira" e com menor moagem de cana-de-açúcar, não é fator que gere preocupações em termos de oferta de CBios. O ano de 2021 será diferente em relação a 2020, quando os preços chegaram a disparar. O aspecto de emissão (pela indústria), frente ao que tem ofertado e escriturado de CBios, é suficiente para a meta do ano. Apenas o Santander tem oferta de cerca de 5 milhões de CBios escriturados aguardando o movimento de compra mais agressivo. Atualmente, as compras por distribuidoras têm sido constantes, mas não agressivas. O cenário atual é favorável ao comprador, que está optando por efetuar compras no segundo semestre. A percepção é de que, se o estoque está grande agora, no segundo semestre será maior ainda, o que pode resultar em preços mais baixos. Mas, a liquidez está pequena abaixo dos R$ 29,00 por unidade.

De outro lado, este ano também haveria oportunidade para o comprador fechar negócios equivalentes à sua meta de 2021 e para o ano que vem, quando a obrigação total das distribuidoras subirá para 34,2 milhões de CBios. O que poderia mudar no cenário de preços seria a entrada de mais compradores sem mandato, como fundos. Mas, isso não é tão simples de ocorrer, pelo fato de o CBio ainda não ser caracterizado como um ativo financeiro. Isso cria um certo ceticismo por parte de fundos e investidores. De toda forma, alguns têm feito "experiências" com o título. O CBio é uma amostra daquilo que pode ser o desenvolvimento de um mercado de carbono que é nascente, e o Brasil tem a vocação para ser o grande fornecedor nesse segmento, em um momento em que o mundo cada vez mais se volta a energias renováveis e práticas ambientalmente sustentáveis. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.