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11/Mar/2021

Etanol: preço deve se manter sustentado em março

Os preços do etanol, que vêm alcançando patamares recordes, devem se manter sustentados até o início da safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul, em abril. A disponibilidade de cana-de-açúcar, matéria-prima para a maior parte da produção do biocombustível no Brasil, é limitada. Além disso, o etanol sobe em decorrência dos reajustes na gasolina feitos pela Petrobras e da retomada do consumo nos últimos meses. A partir da entrada da safra, a tendência é de uma desaceleração dos preços e até mesmo de queda, que pode ser mais rápida se forem adotadas medidas restritivas para combater o recrudescimento da Covid-19. É possível que ocorram preços altos durante todo o mês de março e, caso a safra atrase, por ainda mais tempo. A safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul começa inicialmente em 1º de abril, mas produtores podem esperar para colher até que as lavouras recebam mais chuvas, já que o início deste ano e parte do ano passado foram mais secos do que a média.

As medidas restritivas implementadas em alguns Estados, especialmente São Paulo, principal produtor e consumidor de do biocombustível, para mitigar o avanço da Covid-19 também podem ter um efeito nos preços. A tendência é que, até o início da safra de cana-de-açúcar, o etanol continue subindo enquanto a gasolina subir, mas as medidas de contenção podem frear o consumo e fazer com que os preços não subam tanto ou até caiam. A alta da gasolina é considerada a principal responsável pelo avanço dos preços até o momento. O combustível já teve seis reajustes em 2021 e acumula alta de 54% nas refinarias desde o início do ano, segundo cálculo do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep). O etanol acompanhou essa valorização. Na semana passada, o biocombustível bateu recorde nominal de preços nas usinas de São Paulo. O hidratado alcançou R$ 2,9071 por litro (preço ao produtor e sem ICMS e PIS/Cofins), enquanto o anidro (que é misturado na gasolina) chegou a R$ 3,1366 por litro (sem PIS/Cofins).

O biocombustível se valorizou a ponto de perder a competitividade com a gasolina em 24 Estados e no Distrito Federal. Só Goiás e Mato Grosso têm paridade de menos de 70%, que é o limite para que o etanol de cana-de-açúcar ou de milho seja considerado vantajoso. Mesmo assim, a demanda cresceu nos últimos meses. A venda das unidades produtoras para o mercado doméstico registrou avanço anual na segunda quinzena de janeiro e na primeira quinzena de fevereiro pela primeira vez desde o início da safra, em abril de 2020, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Na segunda quinzena de fevereiro, entretanto, houve um recuo de 7,27%. Uma das razões citadas por analistas para o avanço dos preços do etanol é a dificuldade de importação do biocombustível. A cota que o Brasil tinha aberta para a importação sem tarifas expirou em dezembro e não foi renovada porque o País buscava, em troca, uma abertura para o açúcar nacional no mercado dos Estados Unidos. Mesmo sem cota, deve chegar produto importado em março/abril por preocupação com abastecimento.

A agência Williams Brazil informa que dois navios com etanol chegaram ao Porto de Santos (SP), ainda sem estimativa de data para atracação. A expectativa é de que uma nova cota de importação sem tarifa, que facilitaria a chegada do biocombustível do exterior, não seja criada por enquanto. A Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético da Câmara, afirma que a cota anterior foi criada, em grande parte, para ajudar o ex-presidente norte-americano Donald Trump a lidar com pressões de agricultores locais (nos Estados Unidos), pois o etanol é fabricado principalmente à base de milho. O presidente Joe Biden tem outro tipo de relação com esses produtores. Ele pode até aumentar a mistura do etanol na gasolina, o que os ajudaria muito mais do que uma cota de importação. A importação pode não ter apelo econômico neste momento, já que o preço do milho também está elevado e o dólar valorizado ante o Real dificulta a compra de produtos do exterior. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.