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08/Dez/2020

Cresce cerco ao carro a gasolina e sobre petróleo

A Inglaterra anunciou, no mês passado, a antecipação, de 2035 para 2030, da proibição de venda de novos carros movidos a gasolina ou diesel. O Japão também deve anunciar em breve uma proibição parecida, que entraria em vigor em meados de 2030. A China prevê colocar em vigor essa regra em 2035. Nos Estados Unidos, o Estado da Califórnia informou em setembro que, também a partir de 2035, veículos novos movidos a gasolina ou diesel estarão fora do mercado. Com o avanço das discussões ambientais em todo o mundo, as limitações a esses carros devem aumentar cada vez mais. E isso tem colocado grande pressão sobre a indústria do petróleo. O cerco está se fechando para que os países reduzam o uso de combustível fóssil. Hoje, a gasolina e o diesel movem cerca de 90% dos novos carros vendidos no mundo. E esses produtos são uma parte muito importante dos ganhos das petroleiras.

No caso da Petrobras, por exemplo, 50% da produção atual é de gasolina e diesel para o transporte rodoviário. Em outubro, um acontecimento do mercado financeiro acabou se transformando num marco desse novo mundo mais preocupado com questões ambientais. A NextEra, uma das maiores geradoras globais de energia solar e eólica, ultrapassou, em valor de mercado, a ExxonMobil, que já foi a maior empresa privada do mundo (depois, a Exxon voltou a ficar à frente). Em 2007, a petroleira valia US$ 500 bilhões. Atualmente, vale US$ 176 bilhões. No mercado automotivo, essa diferença fica ainda mais evidente. A fabricante de carros elétricos Tesla vale US$ 567 bilhões. Isso é mais do que o valor, somado, de Toyota, Volkswagen, GM, Ford e Fiat Chrysler - empresas em que o carro movido a combustível fóssil ainda é majoritário. Por tudo isso, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) defende que o governo brasileiro deve monetizar de forma rápida os ativos que estão debaixo do mar - o petróleo do pré-sal, do contrário vai “virar mico”.

Todas as matrizes das montadoras instaladas no Brasil estão ampliando a produção de automóveis eletrificados e as subsidiárias locais estão atentas a isso. No entanto, a velocidade de troca dos carros a gasolina e diesel por elétricos não será igual à da Europa, por exemplo. As novas gerações de carros serão movidas a eletricidade ou uma mistura de combustível líquido e energia elétrica. A soma de modelos elétricos e híbridos passarão dos atuais 10% para 51% das vendas globais em uma década, segundo estudo do Boston Consulting Group (BCG) feito neste ano, antes da pandemia da Covid-19, responsável pela crise que deve acelerar projetos de carbono zero. O estudo foi feito com base nas premissas atuais, com vários países adotando normas que proíbem produção e venda de carros movidos a combustíveis fósseis. Leva em conta também o aumento das vendas de modelos eletrificados e a queda de preços desses produtos.

Mas não se sabe se novos governos vão manter essas legislações no futuro. Mesmo assim, a sobrevivência dos dois combustíveis fósseis ainda será longa, pois seguirão enchendo tanques de veículos em países em desenvolvimento como os da América do Sul, frotas antigas e uma parcela dos carros híbridos, embora essa versão eletrificada já esteja na mira também. Não se imagina que ocorra uma migração radical para o elétrico e a gasolina terá vida longa, no mínimo até 2050, em especial no Brasil. A eletrificação é um caminho sem volta e vai ocorrer em algum momento. Mas, até lá haverá um processo migratório que passará, por exemplo, pelo uso de biodiesel em caminhões e ônibus e de etanol em automóveis híbridos. O Brasil é o primeiro país a ter um híbrido que roda com etanol, o Toyota Corolla produzido na fábrica do grupo em Indaiatuba (SP). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.