11/Nov/2020
Na contramão do comércio varejista, postos de combustíveis dos grandes centros urbanos ainda amargam os prejuízos da pandemia de Covid-19 em seus caixas. As evidências estão nos números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e são confirmadas por pequenos empresários deste segmento da economia, que relatam, inclusive, um movimento de aquisições de postos menores por grandes redes, mais resistentes à crise. Isolados em casa, motoristas das capitais, principalmente, estão consumindo menos combustíveis, o que afeta o desempenho dos postos. Pelas contas da Fecombustíveis, representante de donos de postos de todo País, o movimento caiu 70% de abril a junho, sobretudo em capitais como Rio de Janeiro e São Paulo, e hoje ainda está 15% abaixo do período pré-pandemia.
Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) demonstram ainda que as vendas mais afetadas foram as de etanol e gasolina. Segundo a Pesquisa Mensal de Comércio, do IBGE, em agosto (último mês divulgado) o varejo de combustíveis e lubrificantes ainda operava 8,8% abaixo do patamar de fevereiro, antes da crise, ainda que a média do comércio tenha alcançado volume recorde de vendas no mês. Além disso, os números do varejo de combustíveis ainda estão 30,4% piores que no pico alcançado em fevereiro de 2014. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com a pandemia, o varejo de combustíveis ficou enquadrado como serviço essencial, como supermercados e farmácias. Os postos permaneceram abertos, mas não havia consumidor.
Segundo a Fecombustíveis, muitos empresários optaram por se desfazer do negócio, o que tem gerado uma concentração de mercado. A leitura da Fecombustíveis e do Sincopetro, representante dos donos de postos de São Paulo, é que os postos de rodovia sentiram menos a crise porque concentram suas vendas no óleo diesel, utilizado em grande escala no transporte rodoviário de mercadorias e menos afetado na pandemia. Na Região Centro-Oeste, maior produtora nacional de alimentos, o prejuízo foi menor ainda. Nas cidades, resistem melhor à pandemia os postos localizados em áreas de periferia, porque os moradores de baixa renda são, muitas vezes, obrigados a deixar o isolamento, enquanto as classes média e alta tendem a permanecer mais em casa, sem dirigir.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), os serviços de transportes como um todo ficaram muito limitados num primeiro momento da pandemia, mas já conseguem se recuperar. Hoje, a maior preocupação é com o controle da pandemia, o medo de uma nova onda. Isso que acaba afetando um pouco a expectativa do empresário para os próximos meses, apesar de não ser algo tão forte ainda, mas há sempre uma cautela. A expectativa dos donos de postos é que, com um possível anúncio de uma vacina contra o coronavírus e a retomada da economia no próximo ano, a atual demanda reprimida impulsione rapidamente as vendas, que, pela projeção da Fecombustíveis, deve crescer em volume, mas não em valores. Desde o início da pandemia, em março deste ano, o preço do litro da gasolina caiu de R$ 4,28 para R$ 4,16 no Estado de São Paulo, segundo a ANP. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.