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29/Out/2020

Açúcar: cenário favorável não deverá se prolongar

Os preços remuneradores do açúcar para as usinas brasileiras podem não se manter por muito tempo. Como fatores de sustentação dos preços pode-se citar as más condições da safra da Tailândia, a incerteza quanto ao subsídio da Índia, embarques expressivos para a China e a ação dos fundos. As usinas brasileiras devem continuar a tirar vantagem das condições atuais, porque as margens oferecidas são muito atrativas. Envios de açúcar à China têm crescido porque o governo chinês quer aumentar seus estoques estratégicos em 1 milhão de toneladas e porque muitos exportadores brasileiros esperam conseguir licenças para vender ao país sem o pagamento de tarifas.

Porém, o governo do país asiático não deve conceder um número expressivo de licenças de importação, já que estabelece preços altos para a cana-de-açúcar (aproximadamente US$ 70,00 a US$ 75,00 na principal região de cultivo), e é necessário que o preço do açúcar fique alto para compensar a compra da cana-de-açúcar local por usinas. Se o governo deixar muito açúcar entrar, o preço doméstico cai. Por enquanto, o açúcar enviado à China sem licença fica no porto, e a estimativa é de que, até o fim do ano, pelo menos 1,5 milhão de toneladas do açúcar esteja nos portos sem poder entrar no país. Com esse montante expressivo, os embarques para China devem diminuir ao longo do tempo, e os altos estoques devem pressionar preços globais.

Em relação à Índia, a expectativa é de que o país anuncie exportações volumosas para esta safra global, já que, sem o subsídio, usinas terão pouco incentivo para exportar. Eles terão uma safra volumosa, devem produzir bem mais do que consomem, e o estoque deve ficar alto. As exportações indianas do açúcar só compensam caso haja subsídio, porque, assim como na China, o governo coloca preço alto na cana-de-açúcar (aproximadamente US$ 45,00 por tonelada) e o preço interno do açúcar fica acima das cotações globais. O governo deve providenciar subsídios novamente em 2020/2021, mas não se sabe o tamanho do subsídio ou quanto açúcar poderá ser embarcado.

O anúncio, porém, não deve vir antes do meio de novembro, quando o país terá eleições. Caso o anúncio demore muito, exportações para o primeiro trimestre de 2021 ficam comprometidas, já que o país praticamente só produz açúcar bruto para exportação e quando já tem um contrato firmado para o envio ao exterior. As quebras de safra na Tailândia e na Europa também influenciam os preços, mas esses países podem conseguir recuperar a produção. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.