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21/Set/2020

Cana: melhora relação entre usinas e fornecedores

A relação entre a usina de cana-de-açúcar e o fornecedor é um dos elos mais importantes do setor sucroenergético. Atualmente, a Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) estima que 20% da cana-de-açúcar processada é produzida por fornecedores. Nesse sentido, a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana) informa número parecido, 23%. A entidade também comunica que em Pernambuco a média é de 46% e, em Alagoas, cerca de 30%. O relacionamento entre fornecedores e usinas de cana-de-açúcar já teve momentos conturbados e ainda possuí alguns ruídos. Um impasse atual, por exemplo, acontece devido a um advento importante no setor sucroenergético: o RenovaBio. Isso, porque a lei do Programa de Descarbonização não incluiu os canavieiros independentes com direitos a receberem o Crédito de Descarbonização (CBios).

Agora, os deputados podem mudar isso, com o Projeto de Lei (PL 3149) apresentado na Câmara Federal. A Feplana explica o que a proposta defende. É no campo que fundamentalmente ocorre o maior sequestro de carbono. Portanto, os 30% da cana-de-açúcar moída fornecida por produtores também devem ganhar. Após defesa da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), com apoio da Unida (produtores da Região Nordeste), o instrumento agora apresentado pode acabar com a exclusão. A entidade de classe, que conta atualmente com 60 mil produtores, complementa afirmando que a aprovação no Congresso evita conflitos de interesses: Se a produção da usina é 50% açúcar e 50% etanol, por exemplo, ela receberá CBios relativos ao etanol e a partilha desse crédito de descarbonização terá que, proporcionalmente, levar em conta a matéria-prima do produtor independente. De todo modo, esse ano trouxe bons números para aos fornecedores.

O Consecana (SP) é um exemplo. Responsável por estabelecer a remuneração dos produtores, o órgão regulador definiu, em maio deste 2020, o preço médio de ATR fechado em R$ 0,70 por Kg. Isso foi considerado como uma boa notícia para os produtores independentes e um indício de um ano que pode terminar mais rentável do que os anteriores. Além disso, o Consecana segue trabalhando para que a relação com as usinas seja cada vez mais saudável para ambos os lados. Mas, é preciso observar o que as usinas estão fazendo para aperfeiçoar o relacionamento com os fornecedores. A princípio, é preciso destacar também que a relação entre as usinas de cana-de-açúcar e os fornecedores melhora cada vez mais. Para justificar essa afirmação pode-se citar três casos interessantes de grupos do setor que não medem esforços para aprimorar seus relacionamentos com os fornecedores.

São práticas que demonstram que os grupos enxergam os fornecedores como um elo fundamental da cadeia sucroenergético: os grupos Coruripe, Raízen e Zilor, que através de ações relevantes sinalizam positivamente para a necessidade de estreitar o relacionamento com os fornecedores de cana e profissionalizar cada vez mais essa integração. A Coruripe trabalha para aumentar produtividade e renda de seus fornecedores. Na Coruripe (Campo Florido-MG) 100% da cana-de-açúcar processada vem dos fornecedores. Modelo que foi implantado após a inauguração da unidade e seguiu até 2008. Devido à crise que atingiu o setor, diversos produtores entregaram seus canaviais para a usina. Mas, em 2015 a unidade repassou seus 30% de área própria cultivada para produtores da região. Desde maio desse ano, a companhia trabalha em um programa de eficiência, que busca garantir aproximadamente R$ 90 milhões em economia, bem como em frentes inovadoras na gestão de fornecedores de cana e automação de processos corporativos.

Uma iniciativa da Raízen procura garantir os melhores tratos e investimentos no canavial: o programa Cultivar, que chegou à sua 5ª edição este ano. Realizado em formato digital, o encontro reuniu e promoveu a interação dos fornecedores participantes com parceiros do programa, além de lideranças da companhia. Do mesmo modo, o Cultivar reúne um grupo de cerca de 320 fornecedores, o que representa cerca de 80% do volume de cana-de-açúcar adquirida pela empresa. Assim também, a iniciativa oferece vários benefícios aos fornecedores. Da mesma forma, há produtos e serviços focados em quatro frentes principais: aumento de produtividade, benefícios financeiros, eficiência e gestão e relacionamentos sustentáveis. Ao longo dos cinco anos que a empresa atua com o Programa Cultivar, a Raízen já apoiou centenas de fornecedores de cana-de-açúcar.

Durante esse período, o programa foi transformado em uma ferramenta fundamental de geração de valor para toda a cadeia, que impacta diretamente os negócios de quem fornece e também de quem adquire, pois, ao contribuir em todas as frentes na qual o programa atua, impacta positivamente a eficiência e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. A Zilor trabalha para aperfeiçoar sua parceria com fornecedores de cana-de-açúcar. Primeiramente, a Zilor acredita que em momentos de crise é preciso estar mais próximos de todos os que são parte da cadeia produtiva. Nesse sentido, o grupo efetivamente reconhecer a seriedade e o trabalho de seus fornecedores. Ao passo que a produtividade é o que os diferencia. A Zilor conta atualmente com 100% de cana-de-açúcar de terceiros e ressalta que há esforços de ambos os lados para preservar o futuro. Do mesmo modo, a companhia segue investindo na valorização de seus fornecedores. Fonte: JornalCana. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.