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15/Set/2020

Etanol dos EUA sem tarifa pressionará o mercado

Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a decisão do governo brasileiro, anunciada na sexta-feira (11/09), de renovar a cota de importação do etanol dos Estados Unidos de 187,5 milhões de litros sem tarifa por 90 dias vai impor um grande sacrifício ao setor sucroalcooleiro. Por conta da redução da mobilidade provocada pela pandemia, neste momento os estoques de etanol estão 43% acima do mesmo período do ano passado e a safra da Região Nordeste começa a entrar agora no mercado, o que vai pressionar o preço. Cada litro de etanol importado que entrar no Brasil é um problema a mais para o setor. O que foi apresentado pelo governo para o setor é que a prorrogação da cota isenta de tarifa seria um gesto para permitir uma negociação, capitaneada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, mais favorável para as exportações do açúcar brasileiro para os Estados Unidos.

Apesar de o Brasil ser o maior exportador, o açúcar brasileiro tem presença insignificante nos Estados Unidos. Isso porque sobre o produto é cobrada uma tarifa de importação de 140% o setor brasileiro espera que o governo tenha sucesso porque só por isso valeria a pena um sacrifício tão grande como esse neste momento. Há no mercado duas leituras da decisão do governo de prorrogar a isenção de tarifa para o etanol norte-americano. Uma delas é a do governo brasileiro. Foi divulgada uma declaração conjunta do governo brasileiro e dos Estados Unidos, informando que os dois países decidiram realizar discussões orientadas para chegar a um “arranjo” que aumente o acesso ao mercado de etanol, no Brasil, e do açúcar, nos Estados Unidos. Segundo o texto, os países também vão considerar um incremento no acesso ao mercado de milho em ambos os países. A outra leitura do mercado é que a questão do etanol é sensível à campanha de reeleição do presidente americano Donald Trump.

O etanol norte-americano é produzido a partir do milho e essa seria uma maneira de Trump conquistar votos dos produtores do grão. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o tempo irá dizer qual das duas leituras para prorrogação da isenção de tarifa sobre o etanol norte-americano é a verdadeira. É preciso observar se essas negociações para o açúcar prevalecerem ou não. O aço brasileiro não teve isenção de tarifa dos norte-americanos e estaria faltando um gesto dos Estados Unidos nesse sentido. Se a prorrogação da isenção de tarifa do etanol norte-americano tiver como contrapartida uma negociação mais favorável ao açúcar, que hoje está com preço em alta no mercado internacional, a decisão pode ser considerada positiva. No entanto, se o motivo for eleitoral, a decisão é reprovada. O governo brasileiro tem que tratar os Estados Unidos como país, não ser um apoiador do governo Trump ou de qualquer outro governo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.