15/Set/2020
A Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou a prorrogação por mais 90 dias da cota pela qual os Estados Unidos podem exportar etanol sem tarifa para o Brasil. Mesmo o Ministério da Agricultura, que era contrário à renovação, votou de forma favorável porque a prorrogação deverá ser acompanhada de um comunicado conjunto dos governos de Brasil e Estados Unidos comunicando a intensificação das negociações entre os dois países acerca do comércio de etanol e açúcar. A cota deverá ser de 62,5 milhões de litros, ou 187,5 milhões de litros para os três meses. O montante é equivalente à cota que vigorava até o fim de agosto. Em troca da isenção de tarifas para o etanol dos EUA, os brasileiros querem negociar o aumento da exportação sem taxas do açúcar do Brasil para o país norte-americano. O presidente Jair Bolsonaro havia sido convencido a renovar a cota de isenção, que venceu em agosto, mas a decisão ainda dependia de fechar a divulgação do comunicado para os EUA.
A avaliação é que, depois de mais de um ano de negociações, um documento dos EUA que informe a intensificação das conversas nos próximos três meses seria importante para apaziguar os ânimos dos produtores brasileiros. O presidente vem sofrendo pressão de parlamentares do Nordeste, que é o destino do etanol americano, pela não renovação da cota. A renovação da cota de isenção para importação de etanol dos Estados Unidos abriu uma disputa no governo brasileiro e colocou em lados opostos os Ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores. O chanceler Ernesto Araújo defende a prorrogação para dar mais prazo para a negociação do acordo, mas a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, assim como os produtores de cana-de-açúcar, era contrária à renovação da cota e queria utilizar a cobrança em vigor da tarifa como instrumento de pressão para que saia o acordo, que já vem sendo discutido há mais de um ano.
Desde o início deste mês, todo o etanol vendido pelos EUA ao Brasil paga tarifa de 20%. Até então, havia uma cota de 750 milhões de litros por ano que poderia ser exportada sem taxa, cujo prazo expirou em agosto. A questão do etanol é sensível para a campanha de reeleição do presidente Donald Trump, que está de olho nos votos do chamado “Corn Belt”, onde é produzido o milho, do qual é feito o etanol dos EUA. No início de agosto, o presidente americano, sem dar detalhes, ameaçou retaliar o Brasil pela cobrança de taxas sobre o etanol e disse que era necessária uma equalização de tarifas. Para os brasileiros, etanol e açúcar são derivados da cana e uma isenção de tarifas na compra do açúcar brasileiro seria ideal, o que permitiria a contrapartida de isenção do etanol norte-americano. Nos EUA, porém, são dois lobbies distintos, já que lá o açúcar é feito de beterraba e o etanol, de milho. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.