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26/Ago/2020

RenovaBio: ofertas de CBios têm forte alta na B3

A escrituração de CBios (unidades de crédito de descarbonização) na B3 por usinas de biodiesel e etanol disparou em julho e agosto, em meio ao debate sobre as metas de emissões do papel para 2020 e às primeiras operações de compra e venda. Escrituração é o processo burocrático, de preparação do título, para que em seguida ele possa ser registrado e negociado em bolsa, no caso dos CBios, a B3. Depois da primeira escrituração na B3, em 27 de abril, o número de títulos registrados, prontos para serem comercializados, chegou a 1,2 milhão em junho, 3,9 milhões em julho e 6,1 milhões no dia 21 de agosto. Por trás da rápida ascensão está a expectativa de que o Ministério de Minas e Energia (MME) defina a meta para este ano. O mercado se aqueceu muito em junho e julho.

Agora, em agosto, há escriturações diárias. O Santander lidera as escriturações de CBios no Brasil, com aproximadamente 77% do total. Entre abril e agosto, foram 5 milhões de CBios, dos 6,1 milhões registrados na B3. Em 2018, quando o RenovaBio ainda era um projeto, o banco se predispôs a entendê-lo e participar das reuniões com a B3, emissores, distribuidores, por enxergar algo positivo para os clientes do setor e a própria sustentabilidade. Os CBios são o alicerce do RenovaBio, programa federal de estímulo à produção de biocombustíveis. Distribuidoras terão de adquirir CBios anualmente para compensar suas emissões de gases de efeito estufa decorrentes da venda de combustível fóssil no ano anterior.

O mercado aguarda o estabelecimento das metas, revistas pelo MME em virtude da avaliação de que usinas de etanol (de cana-de-açúcar e de milho) e de biodiesel produziriam menos do que o esperado, acompanhando o desaquecimento do consumo após as medidas de isolamento social. O MME decidiu cortar pela metade a meta anual de emissões de CBios para 2020, para 14,53 milhões. O número é o mesmo apresentado na proposta colocada em consulta pública no período de 5 de junho a 4 de julho deste ano. Para 2021, a meta será de 24,86 milhões de CBios emitidos por ano; em 2022, 34,17 milhões; 2023, 42,35 milhões; em 2030, chegará a 90,67 milhões de CBios.

Se as metas tivessem sido definidas há dois meses, o mercado já estaria efetivando compras e vendas com maior velocidade. Algumas unidades (usinas) não escrituraram porque estavam aguardando a meta e a valorização do título, assim como a definição da tributação para o emissor, estabelecida em 15% há cerca de uma semana. O Santander acredita em maior velocidade dos registros até dezembro. O potencial (de produção de biodiesel e etanol) dos clientes do banco já supera a meta prevista de emissões de CBios para o próximo ano. Os 4,7 milhões de CBios escriturados apenas pelo Santander até agora foram emitidos por 61 grupos com mais de 160 usinas de biodiesel e etanol de cana-de-açúcar ou milho. O interesse é generalizado.

Outro entrave a uma maior liquidez do mercado foi a expectativa das usinas emissoras pela valorização do papel, o que não ocorreu ainda. A primeira negociação do título ocorreu em junho. A Datagro Conferences, braço da consultoria Datagro responsável por conferências, comprou 100 CBios por R$ 50,00 cada ou cerca de US$ 10,00. Os papéis foram emitidos pela Adecoagro, produtora de etanol com unidades em Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Desde então, outros negócios, inclusive vendas para distribuidoras que precisam compensar emissões de gases de efeito estufa, saíram por cerca de R$ 20,00 por CBio. Está claro o potencial de valorização.

Além das empresas que precisam comprar CBios para neutralizar emissões (de CO² e outros gases de efeito estufa), fundos de investimento também têm interesse do papel. Os CBios poderiam ganhar ainda mais força com o crescimento do mercado secundário (revenda do papel para terceiros) e regulação do mercado de créditos de carbono no Brasil, que envolve outras ações que capturam gás carbônico da atmosfera, assim como outras empresas que precisam compensar suas emissões. Os CBios deveriam ser uma ponta do mercado de carbono. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.