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29/Jul/2020

Etanol: menor produção não evita queda no preço

A pandemia de Covid-19 alterou a rotina de pessoas e empresas ao redor do mundo. O distanciamento social e as restrições de mobilidade resultaram em queda no consumo de produtos e serviços, dentre eles o etanol biocombustível. Assim, mesmo diante da queda na produção de etanol no Centro-Sul brasileiro na safra 2020/2021, os valores do biocombustível estão em queda. Esse cenário é o contrário do observado na temporada passada (2019/2020), quando a demanda firme por biocombustível, devido à vantagem frente à gasolina C nas bombas, deu o tom altista aos preços dos etanóis. Os preços médios dos etanóis hidratado e anidro em São Paulo fecharam o primeiro trimestre da safra (abril-maio-junho) com fortes quedas frente ao mesmo período da temporada 2019/2020. O valor médio desse trimestre (considerados os Indicadores CEPEA/ESALQ mensais de abril a junho) do etanol hidratado teve recuo de 18,4% na comparação com o mesmo trimestre de 2019 em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-M de junho/2020).

No caso do etanol anidro, a desvalorização foi ainda maior, de 19,7% no mesmo comparativo. Do início da atual temporada 2020/2021 (em abril) até os primeiros 15 dias de julho, as vendas de etanol hidratado na região Centro-Sul do País somaram 4,88 bilhões de litros, contra 6,67 bilhões de litros em igual período de 2019, ou seja, forte queda de 27%. As vendas de etanol anidro também caíram, 14,5% no mesmo período, somando 2,12 bilhões de litros na parcial da atual temporada. Os dados são da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). A entrada de etanol de outros Estados do Centro-Sul em bases paulistas também reforça a pressão sobre os preços do biocombustível. O etanol, especialmente de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, chega a bases de São Paulo a preços atrativos, considerando-se os diferenciais logísticos e os custos de transferências. Nas usinas, unidades do Centro-Sul diminuíram a alocação de cana-de-açúcar para o etanol na atual safra, tendo como foco a produção de açúcar, que registra demanda mundial aquecida.

Além disso, o dólar em patamar elevado vem intensificando as exportações brasileiras do açúcar. Vale lembrar que algumas consultorias internacionais preveem queda de produção de açúcar na safra mundial 2019/2020 (a ser encerrada em setembro de 2020) e déficit de produto por ser um alimento mais barato em meio à pandemia. Na parcial desta safra (de abril até os primeiros 15 dias de julho), enquanto a produção de açúcar no Centro-Sul cresceu 50% em relação ao mesmo período da temporada anterior, a de etanol total caiu 5,9%. Nesse cenário de menor consumo dos combustíveis, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) flexibilizou a contratação de etanol anidro para esta temporada. Neste caso, com limite para homologação até 1º de julho e prorrogação do prazo, o volume caiu de 90% para 74% do total adquirido desse tipo de combustível por meio da modalidade dos contratos, com validade de julho de 2020 a maio de 2021 (Resolução da ANP nº 819/2020, publicada no Diário Oficial da União em 8 de junho).

Essa resolução diminui a compra de anidro pelas distribuidoras por meio de contratos, deixando espaço para aquisições mais flexíveis no spot, caso sejam necessárias (apesar de ainda se manter a obrigatoriedade do percentual de 70% em contratos). No caso das usinas, estas podem focar na produção de outros produtos, especialmente na de açúcar, que tem se mostrado mais rentável. Essa mudança de percentual ocorreu não só porque diminuiu o período para manutenção de contratos no presente ano-safra em relação aos anteriores, mas também com o objetivo de manter a compatibilidade entre demanda e oferta de anidro, de forma que os preços não sofram pressão de queda. Ressalta-se que o percentual estabelecido na legislação incide sobre a comercialização do ano anterior e a sua mudança visa um ajuste quantitativo em um momento de menor demanda por combustíveis. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.