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03/Jul/2020

Etanol: sobre oferta deve persistir até final do ano

O contexto de sobre oferta no mercado de etanol brasileiro deve persistir, ainda que haja uma aceleração na recuperação da demanda. Os efeitos da pandemia do novo coronavírus pesaram sobre a produção do biocombustível, mas o volume fabricado continuou forte mesmo com a migração do mix das usinas para açúcar. A alta nos preços do açúcar e a forte valorização do dólar ante o real até o final de fevereiro deram um pontapé inicial para que as usinas começassem a fixar volumes de açúcar. Em março, a preferência pelo açúcar foi confirmada com a chegada dos primeiros efeitos do novo coronavírus sobre o mercado de combustíveis. O afrouxamento das medidas de isolamento social já está proporcionando uma recuperação no setor de etanol, mas a demanda deve permanecer abaixo dos patamares normais. Dessa forma, é possível que os estoques continuem superiores e sejam suficientes para suprir grande parte ou até todo o consumo ao longo do ano.

Se a sobre oferta de etanol persistir, pode ser que com a retomada do consumo o mix não seja tão impactado. As usinas podem continuar focando no açúcar, em virtude da ampla disponibilidade de etanol. Além disso, o ritmo acelerado de moagem de cana-de-açúcar e o elevado ATR médio vão continuar sustentando a produção alcooleira, mesmo com o mix mais voltado para o açúcar. No caso de uma segunda onda de infecções pela Covid-19 no Brasil, o que pode levar a uma retomada das medidas de restrição à circulação, o mercado de etanol pode sofrer um novo choque. Por isso, as usinas devem continuar limitando o biocombustível, já que a decisão do mix da safra está atrelada ao consumo de combustíveis no momento atual. A forte instabilidade no setor sucroenergético gerou uma série de dúvidas sobre o funcionamento pleno do RenovaBio, principal programa do governo de incentivo à produção de biocombustíveis.

Assumindo um cenário pessimista, em que nenhuma nova usina seja certificada para emissão dos créditos de descarbonização (CBios) até o fim do ano, o potencial de emissão do País deve chegar a 27,3 milhões de ativos. A estimativa leva em conta que o CBio é gerado no momento da produção, e não no momento da comercialização, como as premissas do programa. O mercado não esperava que o primeiro ano de funcionamento do programa fosse marcado por uma escassez de CBios, mas a meta compulsória de emissão dos ativos sugerida pelo Ministério de Minas e Energia (MME) após a pandemia é bem conservadora. A proposta do MME, aberta em consulta pública até o próximo sábado (04/07) prevê um corte pela metade das metas estabelecidas anteriormente, para 14,53 milhões de CBios emitidos em 2020. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.