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02/Jul/2020

Etanol: avanço nos investimentos em armazenagem

A União das Usinas de Cana-de-Açúcar (Unica), o setor sucroenergético brasileiro viu começar em abril uma segunda onda de investimentos em tancagem de etanol por causa dos efeitos da pandemia do novo coronavírus. O movimento foi realizado por empresas mais capitalizadas e que não conseguiram migrar de forma expressiva o mix para produção de açúcar. O aumento na procura por serviços e infraestrutura de armazenamento para o biocombustível já vinha sendo notado desde a temporada passada, dada a característica alcooleira da safra 2019/2020. Além disso, havia uma expectativa grande quanto ao Renovabio e ao cumprimento das metas de emissão de créditos de descarbonização (Cbios) pelo programa. Nesse sentido, a capacidade de tancagem atual das usinas já supera 17 bilhões de litros. Esse tipo de investimento não costuma ser feito nesse período da safra, mas há empresas que decidiram investir e estão com projetos em andamento, com previsão de ficarem prontos em agosto ou setembro.

A decisão de dar uma nova atenção à capacidade de armazenamento tem como base a queda abrupta na demanda por combustíveis em meio às medidas de isolamento social para conter o avanço da Covid-19. Além disso, os preços tiveram uma retração expressiva, especialmente no mês de abril, fazendo com que algumas usinas dessem preferência à produção de açúcar e tentassem estocar a produção de etanol para vender mais tarde a preços mais atrativos. No caso das usinas menores, que possuem acesso mais restrito ao crédito, e das que produzem pouco açúcar por causa da distância logística para os portos, entretanto, a comercialização não parou. Com exceção das usinas de São Paulo, Paraná e Triângulo Mineiro, cerca de 30% dos produtores de cana-de-açúcar produzem apenas etanol. Por isso, acabam vendendo na velocidade da produção, sem muita capacidade de estocagem.

Dessa forma, as empresas foram obrigadas a vender a produção a preços inferiores aos custos de produção. O setor aguardava desde abril medidas de auxílio do governo para uma linha de financiamento para warrantagem, mas a ajuda veio apenas em junho, por meio do Programa de Apoio ao Setor Sucroalcooleiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A falta de oportunidade de financiamento em abril e maio impactou negativamente o setor. Se tivesse uma linha para isso, teria sido possível ter estocado mais produto neste momento. A tomada de crédito pelo BNDES ainda está sendo analisada e que, além das taxas de juros não serem muito atrativas, poucas empresas vão conseguir o crédito. Em relação ao Plano Safra 2020/2021, que pela primeira vez prevê linhas de crédito para o setor da cana-de-açúcar, o Ministério da Agricultura ainda deve fazer alguns ajustes, mas o auxílio é bem-vindo.

A expectativa é de que a linha tenha sucesso e possa fazer parte de todos os Planos Safra no futuro. No mês de junho, o afrouxamento da quarentena no Brasil e a recuperação nos preços do petróleo permitiram que as cotações do etanol subissem. O preço do etanol já se encontra no mesmo patamar observado no ano passado. Além disso, a Petrobras está alinhada com os preços da gasolina no mercado internacional. O futuro do mercado alcooleiro deve depender de variáveis como o petróleo, a taxa de câmbio e o ritmo de retomada da demanda. Apesar do cenário de alteração no mix sucroenergético e das perspectivas de produção e exportação robustas de açúcar, a flexibilidade das usinas brasileiras é grande. No momento, o mercado está sinalizando açúcar, mas isso não significa que não possa haver uma reversão do mix ao longo da safra. Ainda tem muita cana-de-açúcar para ser colhida. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.