15/Jun/2020

A decisão de socorro de R$ 3 bilhões foi bem recebida pelo setor sucroalcooleiro. A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um programa de crédito para capital de giro voltado a dar fôlego ao setor de etanol, duramente atingido pela pandemia da covid-19. Realizada em conjunto com bancos comerciais, a ação poderá injetar mais de R$ 3 bilhões nas usinas. Como contrapartida, as companhias apoiadas não poderão reduzir seu quadro permanente de pessoal durante dois meses. O Programa BNDES de Apoio ao Setor Sucroalcooleiro terá dotação de R$ 1,5 bilhão e disponibilizará crédito entre R$ 10 milhões e 200 milhões, limitados a 50% do valor do financiamento, e estará disponível para empresas, cooperativas e empresários individuais com receita operacional bruta igual ou superior a R$ 300 milhões. Somada a participação de bancos comerciais, que terão que entrar com o mesmo valor que o BNDES, o montante destinado às usinas pode ultrapassar os R$ 3 bilhões.

O financiamento poderá ser obtido diretamente com o BNDES, de forma indireta - via agentes financeiros - ou de forma mista. O prazo de pagamento é de até dois anos, com carência que pode chegar a 12 meses. O estoque de combustível poderá ser apresentado como garantia dos empréstimos. Os pedidos de crédito poderão ser protocolados até 30 de setembro. O objetivo da medida é dar fôlego às usinas para enfrentarem o período de crise e diminuir o risco de desabastecimento energético no momento da retomada econômica. Uma pesquisa realizada pelo IBRE/FGV em março aponta o mercado de petróleo e biocombustíveis como o mais afetado pela crise. Os biocombustíveis sofreram com uma diminuição de consumo de mais de 30% e com a queda no preço internacional do petróleo, que tornou o etanol menos competitivo. As empresas sucroalcooleiras enfrentam ainda um momento de caixa baixo por conta do início do período da safra.

Como incentivo ao emprego, as usinas que mantiverem ou aumentarem os postos de trabalho nos próximos 12 meses terão um custo mais barato na linha. O setor sucroalcooleiro é responsável por 1 milhão de empregos no interior do País e pela geração de US$ 10 bilhões em exportações por ano, estima o BNDES. A cana-de-açúcar é a segunda maior fonte da matriz energética brasileira, com 16% de participação. Além de suprir 70% da frota nacional de automóveis - contribuindo para uma menor dependência do mercado externo de petróleo -, o combustível reduz em até 90% as emissões de gás carbônico em comparação à gasolina e ao diesel. O Programa de Apoio ao Setor Sucroalcooleiro vem se juntar a outras medidas recentes do BNDES para combate aos efeitos econômicos da crise decorrente da pandemia do novo coronavírus, como a linha emergencial para a saúde e a expansão de crédito de giro para Micro, Pequenas e Médias Empresas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.