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16/Jan/2020

Açúcar: preços globais mais sustentados em 2020

Depois de duas temporadas consecutivas de superávit mundial de açúcar, a safra 2019/2020 pode registrar déficit. As esperadas quedas de produção na Índia e Tailândia devem pressionar a produção mundial de açúcar. Assim, a estimativa da Organização Internacional de Açúcar (OIA) é de déficit de 6,11 milhões de toneladas, número que ainda pode ser ampliado, caso as colheitas em importantes produtores asiáticos (incluindo China, Índia e Tailândia) forem inferiores às expectativas. No Centro-Sul do Brasil, a previsão é de leve aumento na produção de cana-de-açúcar na temporada 2020/2021, o que se deve, dentre outros fatores, à maior taxa de renovação dos canaviais, que chegou a 16,2%, segundo levantamento do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), divulgado em novembro/2019. Um aumento na produção brasileira de cana-de-açúcar, contudo, não garantiria maior oferta de açúcar, tendo em vista que o mix deve se manter favorável ao etanol.

Desde a mudança da política de preços da Petrobras, em julho de 2017, quando os reajustes internacionais de petróleo passaram a ser internalizados, os valores da gasolina e, consequentemente, do etanol e açúcar, vêm sendo bastante influenciados por esse mercado, definindo o mix de produção das usinas. De fato, espera-se pouca alteração no mix de produção das usinas para a temporada 2020/2021 em relação à temporada 2019/2020, com pequeno avanço para o açúcar. O mix açucareiro passará de 34% para até 35,5%. Um fator que poderia estimular o aumento no mix favorecendo o açúcar seria a exportação. Nesse sentido, o dólar, que poderá continuar em patamares elevados em 2020, deve seguir impulsionando as exportações de açúcar, mas os preços internacionais do produto precisariam aumentar para reverter a paridade favorável ao etanol, a ponto de se alterar o mix. Além disso, perspectivas de continuidade de preços altos da gasolina devem continuar favorecendo a competitividade do etanol e, consequentemente, a produção desse biocombustível.

Agora, caso a queda na produção mundial do açúcar proporcione suporte às cotações na Bolsa de Nova York, fundos poderão cobrir suas posições vendidas de forma mais agressiva, elevando os preços do açúcar e aumentando o mix de produção das usinas brasileiras em favor do açúcar. Esse cenário, aliado ao câmbio, por sua vez, deve estimular as exportações brasileiras, que totalizaram 19,2 milhões de toneladas em 2019. As expectativas para a nova safra são de embarques de 19,5 milhões de toneladas. Contudo, os elevados estoques de açúcar na Índia têm sido considerados como uma barreira potencial para a alta nos preços internacionais. O aumento recente nas cotações do açúcar, a desvalorização da rúpia e o subsídio pago pelo governo indiano nas suas exportações resultaram em embarques de 2 milhões de toneladas da commodity desde 1º de outubro/2019, início da colheita no país.

No entanto, as expectativas são de que a Índia exporte mais de 5 milhões de toneladas até o final da temporada mundial 2019/2020, o que deve limitar aumentos nos preços internacionais. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção da Índia deve cair 5 milhões de toneladas na safra 2019/2020, para 29,3 milhões de toneladas, devido à menor área cultivada com cana-de-açúcar. Se isso ocorrer, o Brasil se mantém como segundo maior produtor por mais um ciclo. O consumo na Índia pode atingir o recorde de 28,5 milhões de toneladas, devido ao crescimento econômico, o que reduz as perspectivas de aumento de estoque. Na China, a produção de açúcar pode somar 10,89 milhões de toneladas, estável frente à safra anterior. Na União Europeia, a produção de açúcar deverá atingir 17,9 milhões de toneladas na temporada 2019/2020, praticamente estável em relação ao período anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.