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07/Jan/2020

Cana: ano será positivo para usinas estruturadas

O dólar valorizado e os preços remuneradores do açúcar fazem o setor sucroenergético brasileiro esperar melhores resultados este ano. A expectativa, porém, não é generalizada. As usinas mais endividadas continuarão com dificuldades. Segundo o Itaú BBA, há uma performance operacional muito distinta entre os grandes grupos e os que enfrentam desafios de alavancagem. O preço na próxima safra não será suficiente para alterar materialmente a situação financeira de grupos que estão sobrealavancados ou com dificuldades operacionais. Em relação a endividamento, o banco divide o setor em quatro grupos. Os dois primeiros estão subalavancados, em condições de investir. O terceiro tem alguma necessidade de ajuste ou alavancagem um pouco acima da média do setor, mas ele supera as 100 milhões de toneladas de processamento por ano e, com duas ou três safras boas de preço, consegue se colocar numa situação boa em termos operacionais e financeiros. Para o quarto grupo, com mais de 120 milhões de toneladas de moagem, não será possível uma retomada, independentemente dos preços.

Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar, há bastante heterogeneidade no setor. Assim, é difícil usar a média do País para falar sobre esse assunto. Ao levantar balanço das usinas e fazer análises, percebesse-se que há empresas com baixíssimo endividamento e margens positivas. Por outro lado, entre 10% e 20% têm endividamento elevado e, necessariamente, vão passar por reestruturação. Dois fatores que ajudarão a reduzir o endividamento do setor: a redução de juros no País, que diminui o custo da dívida e a perspectiva de aumento da receita, e, em consequência, da margem operacional. O endividamento das usinas no Brasil cresceu 7,6% entre 31 de outubro de 2018 e a mesma data de 2019, para R$ 104,32 bilhões. Parte da alta é explicada pelos baixos preços do açúcar, que desestimularam a venda. Com isso, as usinas deixaram de fixar preço em alguns meses do ano, o que está começando a se reverter.

Nas últimas semanas, os preços futuros do açúcar têm subido na Bolsa de Nova York. O contrato com vencimento em março de 2020 subiu 9,25% entre 18 de outubro e 18 de dezembro, saindo de 12,32 centavos de dólar por libra-peso para 13,46 centavos de dólar por libra-peso. O câmbio também foi favorável. A média de fechamento do açúcar na Bolsa de Nova York convertido em Reais pela taxa do Banco Central para o mês de novembro está em R$ 1.190,00 por tonelada, R$ 110,00 por tonelada mais alto que a média de abril a setembro. O Itaú BBA destacou o movimento reativo ao longo de dezembro. As últimas semanas foram intensas em termos de fixação de preços. Para a safra 2020/2021, a fixação estava atrasada e agora voltou para a média histórica. As usinas têm conseguido entre R$ 100,00 e R$ 150,00 a mais por tonelada. Por isso, a temporada 2020/21, que começa em abril, será de boa performance financeira, especialmente para os grupos mais estruturados.

Segundo a Unica, o País precisa também melhorar a capacidade interna de produção. O canavial, na média, é bastante envelhecido. De acordo com dados do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), na safra 2019/2020 o estágio médio de corte recuou para 3,7 anos, ante 3,8 anos em 2018/2019. A meta é chegar em 3,2 anos ou 3,3 anos. Em termos de perspectivas globais, o cenário para o açúcar é considerado positivo. Em novembro, o Rabobank elevou a expectativa de déficit global de açúcar na temporada global 2019/2020, que vai até setembro de 2020, para 8,2 milhões de toneladas. A estimativa é 3 milhões de toneladas maior do que a projeção anterior e, se confirmada, vai representar o maior déficit desde o ciclo 2015/2016. Isso reflete cortes nas estimativas de produção para Índia, Tailândia e União Europeia. Também em novembro, a Organização Internacional do Açúcar (OIA) elevou a projeção de déficit global para o mesmo período de 4,763 milhões de toneladas para 6,115 milhões de toneladas.

Existe a possibilidade de a Índia elevar a mistura de etanol à gasolina para 10%. Se isso for implementado, pode significar até 4 milhões de toneladas de açúcar retiradas do mercado. Em dezembro, a Moody's elevou a perspectiva para a indústria de açúcar e etanol do Brasil para estável. Antes, a perspectiva era considerada negativa. A agência de classificação de risco projeta que o Ebitda do setor em 2020 vai melhorar com aumento na demanda. Caso os preços do açúcar avancem e o Ebitda do setor cresça mais de 9% em 2020, a agência pode elevar novamente a perspectiva, para positiva. Entretanto, ela pode ser novamente revisada para negativa se o Ebitda recuar este ano. Por ocasião da elevação da perspectiva, deve haver avanço de 5% nos preços do etanol em 2019/2020, com maior demanda doméstica. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.