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06/Jan/2020

Açúcar: déficit global deve elevar preços em 2020

Depois de duas temporadas consecutivas de superávit mundial de açúcar, a safra 2019/2020 deve registrar déficit. As esperadas quedas de produção na Índia e Tailândia, de respectivos 14,5% e 7,1%, devem pressionar a produção mundial de açúcar. Assim, a estimativa da Organização Internacional de Açúcar (OIA) é de déficit de 6,110 milhões de toneladas, número que ainda pode ser ampliado, caso as colheitas nos principais produtores asiáticos (incluindo China, Índia e Tailândia) forem inferiores às expectativas. No Centro-Sul do Brasil, uma das principais regiões produtoras de açúcar do mundo, a previsão é de ligeiro aumento na produção de cana-de-açúcar na temporada 2020/2021, o que se deve, dentre outros fatores, à maior taxa de renovação dos canaviais, que chegou a 16,2%, segundo levantamento do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

Um aumento na produção brasileira de cana, contudo, não garantiria maior oferta de açúcar, tendo em vista que o mix deve se manter favorável ao etanol. Desde a mudança da política de preços da Petrobras, em julho de 2017, quando os reajustes internacionais de petróleo passaram a ser internalizados, os valores da gasolina e, consequentemente, do etanol e açúcar, vêm sendo bastante influenciados por esse mercado, definindo o mix de produção das usinas. No caso do petróleo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados, incluindo a Rússia, concordaram em restringir a oferta em mais de 500 mil barris por dia no primeiro trimestre de 2020. Além disso, a trégua comercial entre Estados Unidos e China e o fim da incerteza eleitoral no Reino Unido estão impulsionando os preços do barril para acima dos US$ 60,00. A estimativa é de uma cotação média de US$ 64,50/barril para o petróleo tipo Brent em 2020, contra US$ 59,00 na previsão anterior.

De fato, quanto ao mix de produção das usinas para a temporada 2020/2021, espera-se pouca alteração em relação à temporada 2019/2020, com pequeno avanço para o açúcar. O mix açucareiro deverá passar de 34,0% para até 35,5%. Um fator que poderia estimular um aumento no mix favorecendo o açúcar seria a exportação do adoçante. Nesse sentido, o dólar, que poderá continuar em patamares elevados em 2020, deve seguir impulsionando as exportações de açúcar, mas os preços internacionais do produto precisariam aumentar para reverter a paridade favorável ao etanol, a ponto de se alterar o mix. Além disso, perspectivas de continuidade de preços altos da gasolina devem continuar favorecendo a competitividade do etanol e, consequentemente, a produção desse biocombustível. Agora, caso a queda na produção mundial do açúcar proporcione suporte às cotações na Bolsa de Nova York (ICE Futures), fundos poderão cobrir suas posições vendidas de forma mais agressiva, elevando os preços do adoçante e aumentando o mix de produção das usinas brasileiras em favor do açúcar.

Esse cenário, aliado ao câmbio, por sua vez, deve estimular as exportações brasileiras, que totalizaram 19,2 milhões de toneladas em 2019. As expectativas para a nova safra 2020/2021 são de embarques de 19,5 milhões de toneladas. Contudo, os elevados estoques de açúcar na Índia têm sido considerados como uma barreira potencial para a melhora nos preços internacionais. O aumento recente nas cotações do adoçante, a desvalorização da rúpia e o subsídio pago pelo governo indiano nas suas exportações resultaram em embarques de 2 milhões de toneladas da commodity desde 1º de outubro/2019, início da colheita no país. No entanto, as expectativas são de que a Índia exporte mais de 5 milhões de toneladas até o final da temporada mundial 2019/2020, o que deve limitar aumentos nos preços internacionais. As cotações do açúcar devem se manter no intervalo de 13,50 a 14,00 centavos de dólar por libra-peso. Preços mais altos no mercado internacional podem incentivar as exportações brasileiras de açúcar, impulsionando também os valores no mercado interno brasileiro na temporada 2020/2021.

A Índia deverá registrar queda de produção do adoçante na temporada 2019/2020, de 5,0 milhões de toneladas, para 29,3 milhões de toneladas. Esse cenário se deve à menor área cultivada de cana-de-açúcar. Se isso ocorrer, o Brasil se mantém como segundo maior produtor por mais um ciclo. O consumo na Índia pode atingir o recorde de 28,5 milhões de toneladas, devido ao crescimento econômico, o que reduz as perspectivas de aumento de estoque. Na China, os aumentos das áreas cultivadas da cana-de-açúcar e da beterraba sacarina devem elevar ligeiramente a produção de açúcar, passando de 10,76 milhões de toneladas para 10,89 milhões de toneladas. A taxa de consumo no país permanecerá inalterada em comparação com o ciclo anterior. Na União Europeia, a produção de açúcar deverá atingir 17,9 milhões de toneladas na temporada 2019/2020, praticamente estável em relação ao período anterior. O consumo será maior que a produção, de 18,6 milhões de toneladas. Fonte: Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.