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31/Out/2019

Etanol: China e Índia representam oportunidades

Os países produtores de etanol são responsáveis também por 94% do consumo do biocombustível. Estados Unidos, com 54% e Brasil, com 27% da oferta mundial destinam, respectivamente, apenas 8% e 5% que produzem para exportação. E boa parte desse álcool negociado é “trocada” entre essas duas nações. Ou seja, há um fluxo de comércio entre brasileiros e norte-americanos, únicos consumidores em grande escala. Os números comprovam que não existe um mercado global para o etanol, principal alternativa energética para substituir ou ser utilizada como aditivo à gasolina. Justamente pelo fato de grandes nações mundiais não contemplarem políticas de adoção do biocombustível, esse tão sonhado comércio mundial não deslanchou. Além disso, é preciso produzir, já que nenhum país quer ficar dependente de apenas dois potenciais fornecedores de etanol. Mas, o cenário pode mudar. China e Índia começam a se mover.

Por motivos diferentes, as donas das maiores populações mundiais iniciam políticas de mistura do etanol entre 10% e 15% à gasolina comercializada nos postos. Nas metrópoles chinesas, a situação caótica de saúde pública gerada pela poluição, principalmente de veículos, levou o governo local a procurar alternativas. Uma saída são os carros elétricos. Mas, produzir energia nesse país consome carvão, o problema só mudaria de lugar e ficou definido que no máximo 10% frota chinesa será impulsionada por baterias. A diversificação de fontes energéticas levou as autoridades públicas da China ao etanol. Uma mistura de 10% à gasolina consumiria 14 bilhões de litros de álcool por ano naquele país, quase a metade da produção do Centro-Sul do Brasil. Como segurança e independência energéticas andam juntas, a China vai produzir o máximo possível de etanol. O mercado aposta que o biocombustível virá do milho - a nação é a segunda maior produtora mundial -, ou de países da África onde chineses têm grande quantidade de terras.

Na Índia, problema econômico e social deve fomentar a produção de etanol. O país é o maior fabricante mundial de açúcar e o governo local já gastou muito dinheiro para subsidiar milhões de produtores de cana-de-açúcar e centenas de usinas. Esses agentes não conseguem ser competitivos e os baixos preços do adoçante são causados justamente pelo excesso de oferta local. Como o etanol também é feito de cana-de-açúcar, a adoção de mistura criaria uma alternativa a esse ciclo perverso. A entrada desses mercados na produção e no consumo de etanol em larga escala criaria oportunidades para o Brasil ampliar as exportações. Mas, para isso, é preciso um planejamento do setor sucroenergético e do governo. A oferta é local é muito ajustada à demanda. A fome em atender os possíveis novos mercados globais pode se transformar em um desabastecimento do mercado interno, o que seria um péssimo recado aos futuros clientes. Fonte: Gustavo Porto. Agência Estado.