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10/Out/2019

Etanol: segmento precisará elevar a produtividade

“A palavra do futuro do etanol é produtividade. Ninguém vai comprar álcool, ou etanol, porque ele é mais bonito. Isso serve para a cachaça brasileira, que faz um sucesso danado em vários países do mundo. Mas, para o etanol, ou ele é mais barato, ou não vai ter mercado no futuro”. As palavras poderiam ser de ditas ou escritas hoje por algum analista, consultor, técnico do governo, ou qualquer um com o mínimo de conhecimento do setor produtivo do biocombustível brasileiro. Mas, a fala é do ex-ministro e ex-deputado federal Antonio Palocci e foi dita durante um debate na 2ª edição do Ethanol Summit. Em junho de 2009. Então parlamentar, Palocci cobrou projeções de produtividade do etanol, ou seja, que mais combustível pudesse ser produzido com menos cana-de-açúcar ou milho, cereal naquela época utilizado em larga escala apenas pelos Estados Unidos no processo produtivo. Passada mais de uma década, a história pessoal de Palocci mudou completamente e todos a conhecem.

Então político mais poderoso do Brasil, hoje cumpre, em regime aberto, o restante da condenação de 9 anos e 10 dias por corrupção e lavagem de dinheiro. Mas, o que o não mudou foi a produtividade do etanol brasileiro. Desde então, as variações, para cima ou para baixo, na produtividade do biocombustível dependem apenas se mais ou menos cana-de-açúcar processada é destinada para a produção do biocombustível ou para o açúcar. Para o setor produtivo, os motivos dessa estagnação foram os efeitos da crise internacional de 2008 e, principalmente, os efeitos no etanol no controle de preços da gasolina adotado pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff, apoiado por Palocci. Como resultado: uma centena de usinas quebradas ou em recuperação judicial e a incapacidade de investimentos para melhorar a produtividade. Dois fatores podem fazer com que esse quadro mude. Um deles é a ampliação da oferta do biocombustível de milho no Brasil.

Projetos bilionários de novas usinas pipocam em Mato Grosso e em Goiás e já contribuem positivamente nessa equação produtiva. O outro é a política nacional de biocombustíveis, prestes a entrar em vigor. O RenovaBio, como foi batizado, tem como base a comercialização de Créditos de Descarbonização (CBIOs) por usinas que, supõe-se, usarão o dinheiro para elevar a produtividade agrícola e industrial. O setor sucroenergético espera que, no futuro, a disparada na oferta de etanol barato e a disseminação dessa política brasileira de combustíveis renováveis para outros países possam criar um tão sonhado mercado global para o álcool. Enquanto isso não ocorre, mais uma das previsões de Palocci de uma década atrás. “O mercado interno é grande sustentador do etanol hoje e vai ser durante muitos anos, dada a evolução do motor flexível na frota de veículos e dada a demanda que isso significará”. Fonte: Gustavo Porto. Agência Estado.