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06/Set/2019

Etanol: setor dos EUA sofre com guerra comercial

A indústria de etanol dos Estados Unidos vem sofrendo com preços mais baixos e excesso de oferta decorrentes de mudanças regulatórias e da disputa comercial com a China. Fabricantes do biocombustível - que nos Estados Unidos é feito principalmente com milho - como Green Plains e Poet fecharam destilarias ao longo do último ano em Indiana, Iowa, Minnesota e outros Estados. Companhias como a gigante de grãos Archer Daniels Midland (ADM) estão reduzindo suas operações de etanol. Essa é provavelmente a pior crise já vista na história do setor, segundo a Associação de Combustíveis Renováveis (RFA), que representa a indústria de etanol. A exigência federal para que refinarias de petróleo misturem etanol na gasolina, estabelecida em 2005, ajudou a transformar o setor em uma indústria de US$ 28 bilhões e criou uma nova fonte de demanda para o milho. 43% da safra dos Estados Unidos é destinada à fabricação do biocombustível, de acordo com o Departamento de Agricultura do país (USDA). A demanda este ano tem sido prejudicada em parte por isenções concedidas a pequenas refinarias de petróleo, desobrigando-as de cumprir as exigências de mistura do biocombustível.

Segundo a indústria de etanol, isso acaba beneficiando empresas de petróleo. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), que concede as isenções, disse que avalia as solicitações das refinarias com base nos requisitos regulatórios. A disputa comercial com a China também vem afetando a demanda. O país asiático, que no ano passado importou 204 milhões de litros de etanol dos Estados Unidos, suspendeu as importações do biocombustível norte-americano. O volume importado no ano passado representa menos de 1% da produção dos Estados Unidos, mas a China era o país que vinha aumentando mais rapidamente as compras de etanol norte-americano. A combinação desses fatores levou a um aumento de oferta, preços mais baixos e prejuízos maiores para fabricantes. O fechamento de destilarias está causando desemprego e reduzindo a demanda por milho em áreas rurais onde o presidente Donald Trump tem grande apoio.

As destilarias de etanol costumam pagar mais do que fabricantes de ração porque precisam de um volume garantido para cumprir contratos de fornecimento com refinarias de petróleo e para maximizar a eficiência. A Federação Agrícola Americana pediu ao secretário de Agricultura, Sonny Perdue, que abordasse as dificuldades do setor de etanol em agosto. Segundo a EPA, a produção e as exportações de etanol cresceram durante o governo Trump para um recorde em 2018. Em maio, o governo autorizou a venda de gasolina com uma mistura de 15% de etanol, conhecida como E15, durante todo o ano. A medida tinha como objetivo ajudar produtores de etanol e agricultores. Na semana passada, o presidente Trump prometeu no Twitter um pacote para ajudar o setor de etanol e, ao mesmo tempo, refinarias de petróleo. Durante o fim de semana, o governo brasileiro elevou de 600 milhões para 750 milhões de litros por um ano a cota de importação de etanol isenta de tarifa de 20%.

A decisão deve beneficiar principalmente produtores de etanol norte-americanos, embora grupos como o Conselho de Grãos dos Estados Unidos tenham criticado Trump por não ter obtido um acordo para eliminar a cota. O consumo de etanol nos Estados Unidos diminuiu no ano passado pela primeira vez em mais de duas décadas, e fabricantes do biocombustível vêm perdendo dinheiro desde julho do ano passado, de acordo com estimativas da Universidade Estadual de Iowa. Quatro destilarias suspenderam as operações desde maio. Além de fechar a planta de Cloverdale, a Poet reduziu a produção em outras 14 unidades e demitiu funcionários. A ADM perdeu US$ 100 milhões nos primeiros seis meses de 2019. A companhia pretende reunir algumas de suas plantas de etanol em uma empresa para possível venda ou desmembramento. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.