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05/Set/2019

Etanol: setor descontente com cota de importação

Em agosto de 2017, pressionado pelos usineiros, o governo brasileiro criou uma tarifa de 20% sobre o volume de etanol importado que superasse uma cota trimestral de 150 milhões de litros. A justificativa era frear a “inundação” do etanol norte-americano. Os Estados Unidos são nossos maiores fornecedores de álcool e vice-versa. Como o Brasil é grande produtor e exportador, o fluxo de comércio entre os dois países atende às demandas pontuais de cada um. Mas, como a balança estava desequilibrada, a tarifa e a cota eram necessárias naquela época e teriam um prazo de dois anos. Agosto de 2019: fim do período inicial da barreira comercial. As importações recuaram em 100 milhões de litros no primeiro ano e em 300 milhões de litros do biocombustível no segundo ano. Nos últimos 12 meses, até agosto, as compras externas somaram 1,43 bilhão de litros.

Em igual período anterior, no primeiro ano de aplicação das medidas, as importações somaram 1,72 bilhão de litros e nos 12 meses anteriores à taxação foram importados 1,82 bilhão de litros. Além da queda nas importações, as vendas externas de etanol voltaram a crescer. Em agosto, o volume exportado pelo País, foi de 314,4 milhões de litros, melhor resultado desde outubro de 2013 e quase quatro vezes maior que o importado, de 83,2 milhões de litros. De janeiro a agosto, as exportações superam as importações em 325 milhões e o biocombustível proporciona um superávit comercial de US$ 188,33 milhões. Os números são claros. Com a barreira unilateral, já que os Estados Unidos mantiveram a tarifa zero para o etanol brasileiro, a competitividade do biocombustível brasileiro foi retomada. Mas, a pressão do setor produtivo brasileiro continuou. A proposta ao governo, até a semana passada, era de manter a tarifa em 20% sobre etanol e o fim da cota.

Como o “tsunami” etílico dos Estados Unidos terminou, o recrudescimento do protecionismo seria justificado pelo fato de os norte-americanos taxarem o nosso açúcar e também adotarem cota sem tarifa para o produto. Mas, o cenário agora é completamente diferente do que o de agosto de 2017. O presidente Donald Trump é o novo melhor amigo de Jair Bolsonaro. O presidente brasileiro quer emplacar o filho Eduardo como embaixador nos Estados Unidos e negociar um acordo de livre comércio com o parceiro. Para completar, o governo Bolsonaro foi eleito com um discurso de liberalismo econômico. Resultado: a cota de importação de etanol sem a tarifa foi elevada para 187,5 milhões de litros por trimestre por mais um ano, um total de 750 milhões de litros no período. Trump respondeu ao afago brasileiro e comemorou a medida pelo Twitter. A indústria brasileira reclamou. Mas, os números de comércio nos últimos dois anos mostram que não há razão para a chiadeira. Fonte: Gustavo Porto. Agência Estado.