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28/Ago/2019

Açúcar: preço pode ter maior queda do ano no mês

Um possível excesso de exportações da Índia, o fortalecimento do dólar e a desaceleração da economia mundial podem levar os preços do açúcar demerara na Bolsa de Nova York a registrar em agosto a maior queda mensal do ano. Na segunda-feira (26/08), o vencimento outubro recuou 0,35%, para 11,43 centavos de dólar por libra-peso, acumulando em agosto perda de 6,4%. A queda dos preços por dois anos consecutivos reduziu o lucro de refinarias, afetou agricultores e provocou tensões entre grandes países produtores da commodity. Boa parte dessa queda pode ser atribuída à Índia, que em 2018/2019 superou o Brasil como maior produtor de açúcar, com 33,1 milhões de toneladas. Há um grave excesso de açúcar no momento. A Tailândia teve uma safra considerável e a Índia teve uma safra enorme. O Brasil está fazendo o possível para equilibrar o mercado.

A atual produção da Índia deve ser a terceira consecutiva a superar os 30 milhões de toneladas, de acordo com estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), e a safra 2020/2021 deve ser ainda maior, com o rápido aumento das chuvas de monções no último mês. O USDA estima os estoques indianos de açúcar em cerca de 17,6 milhões de toneladas. A possibilidade de essas reservas serem vendidas no mercado internacional vem pesando sobre os preços durante boa parte do ano. Muitos participantes acreditam que o governo da Índia vai renovar nas próximas semanas um programa de subsídio à exportação para refinarias de açúcar, embora com alguns ajustes. A política, introduzida no ano passado, contribuiu para um aumento de 52% das exportações e irritou outros grandes produtores.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) está investigando denúncias de Austrália, Brasil e Guatemala contra os subsídios concedidos pelo governo indiano. Em reunião na OMC no dia 15 de agosto, a Índia afirmou que suas políticas não estão distorcendo o mercado global de açúcar, e negou que o país tenha violado regras da organização. De acordo com autoridades da Índia, a medida tem como objetivo ajudar 35 milhões de produtores de cana-de-açúcar que dependem do cultivo para sobreviver. O dólar também vem se fortalecendo, estimulando as exportações de commodities produzidas em países emergentes. Os preços do açúcar também vêm sendo influenciados por preocupações relacionadas ao crescimento econômico global, que por sua vez estão se refletindo nas cotações do petróleo. A queda do petróleo diminui a competitividade relativa do etanol e pode incentivar um mix menos alcooleiro no Brasil.

Além disso, governos em países desenvolvidos estão buscando desestimular o consumo de açúcar para combater condições como diabetes e obesidade. A demanda em países emergentes, embora difícil de medir com precisão, vem crescendo lentamente. Os preços podem se recuperar, pois a demanda global vai superar a produção em pelo menos 4 milhões de toneladas em 2019/2020. Os preços precisam subir para que as usinas do Brasil produzam mais açúcar. Por enquanto, as empresas do setor vêm enfrentando dificuldades. A alemã Südzucker, maior refinadora de açúcar da Europa, informou em julho que a receita de sua unidade de açúcar caiu 16% nos três meses encerrados em maio na comparação anual. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.