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01/Jul/2019

Açúcar: China deverá aceitar a cana GM do Brasil

O Brasil deu um passo importante para garantir que o açúcar que será produzido da cana-de-açúcar transgênica desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) seja exportado à China, um dos principais destinos dos embarques da commodity do País. Recentemente, os chineses decidiram que não vão mais avaliar a segurança da cana-de-açúcar transgênica em si, apenas de seu açúcar. O açúcar da cana-de-açúcar transgênica é quimicamente igual ao da convencional. Essa é uma vitória para o setor, pois se a China decidisse avaliar a biossegurança da matéria-prima, o caminho seria mais lento. Seria necessário plantar a cana-de-açúcar na China e esperar anos para ela crescer e eles avaliarem. Não faria sentido técnico. Em geral, a avaliação da transgenia é realizada na planta porque é o próprio organismo vivo que é comercializado, é o caso da soja em grão. Mas, o CTC argumenta que o açúcar é um caso distinto, já que se trata de um produto “tirado” da planta, que não carrega os traços da modificação genética desenvolvida. Com o caminho escolhido pela China, a aprovação deve ocorrer em um prazo de um a dois anos.

A China costuma demorar para avaliar os pedidos para autorização de transgênicos. Em janeiro, o país deu sinal verde à importação de variedades transgênicas de soja que estavam na fila há seis anos. Antes de impor as salvaguardas ao açúcar brasileiro, que serão retiradas em 2020 após acordo com o Brasil para evitar a abertura de um contencioso na Organização Mundial do Comércio (OMC), a China era o principal destino das exportações brasileiras. Representava 8% dos embarques, garantindo receita de cerca de US$ 800 milhões. No ano passado, porém, a participação caiu pela metade. Com o acordo recente, a tendência é que as vendas ao mercado chinês voltem a aumentar. O aval da China deverá dar mais vazão ao avanço do plantio de cana-de-açúcar transgênica no Brasil, que já começou. Segundo dados do balanço financeiro do CTC na safra 2018/2019, até 31 de março, havia 4 mil hectares plantados no País com a planta, dez vezes mais que um ano antes, mas ainda uma gota em uma área plantada total de cerca de 10 milhões de hectares.

Os produtores têm percebido vantagens financeiras na novidade. A transgenia desenvolvida inoculou o gene Bt na cana-de-açúcar, que protege a planta da broca. A tecnologia quase zera a infestação e as perdas de produtividade causadas pelo inseto, e, com isso, os produtores também poupam gastos com agrotóxicos. Dependendo da região e do nível de manejo anterior, os ganhos giram entre R$ 1 mil a R$ 2 mil por hectare, e a produtividade da cana-de-açúcar nas lavouras tem crescido de 5% a 15%. Mais de 100 usinas já compraram as mudas de cana-de-açúcar transgênica e as estão replicando em seus próprios viveiros. Por enquanto, as empresas não estão processando essa cana-de-açúcar para produzir açúcar ou etanol. Os primeiros lotes dos produtos da cana-de-açúcar transgênica chegarão ao mercado entre dois e quatro anos. Outro país que também está em vias de decidir sobre a importação do açúcar da cana-de-açúcar transgênica brasileira é o Japão.

Tem ocorrido troca de perguntas e respostas e o processo está adiantado. Até o momento, Estados Unidos e Canadá já aprovaram a importação do açúcar da cana-de-açúcar transgênica. Paralelamente, o CTC continua desenvolvendo novas variedades. Nos próximos meses, a empresa começará a vender a segunda variedade da “cana Bt”, adaptada a ambientes de produção desfavoráveis e de colheita precoce. A expectativa é de que, em um ano, o plantio dessas mudas já alcance entre 4 mil e 5 mil hectares. É uma variedade muito desejada, pois é a que cresce mais rápido no Brasil. No projeto de sementes, o CTC realizou testes em laboratório na safra passada e nesta começará a realizar testes em campo. A prova de conceito foi bem sucedida. Agora, é preciso analisar em campo, sob altas temperaturas e com insetos. Embora as pesquisas estejam em curso, a expectativa é começar a entregar as sementes no mercado na temporada 2021/2022. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.