09/Mai/2019

O mercado de CBios, que são títulos de biocombustíveis previstos dentro do RenovaBio, ainda passa por regulamentação e vários fatores influenciarão as cotações de mercado desses títulos, e não só a produção de cana-de-açúcar. Entre eles, o mix de etanol/açúcar a cada safra, os preços globais de açúcar, a cotação do petróleo, a importação de etanol, o câmbio, a produção de biodiesel, os preços do milho (grão com o qual se faz etanol também) e a paridade de preços entre etanol e gasolina. A precificação de CBios ainda é uma grande incógnita, dados os fatores acima citados e que terão forte influência. No caso da produção de cana-de-açúcar, o Brasil tem mostrado crescimento tímido nas safras e isso é preocupante.

Com o RenovaBio, que deve gerar demanda mais constante pelo etanol, a expectativa é que as usinas sucroenergéticas ampliem investimentos para aumentar a produção de cana-de-açúcar e, consequentemente, de etanol. A resposta pode ser muito rápida no aumento da produção do biocombustível. A produção de etanol pode ser incrementada com baixo nível de investimento, mas é necessário que a oferta de cana-de-açúcar aumente. Outra dúvida está ligada às usinas de produção de etanol de milho, que também poderão emitir CBios. As usinas produtoras de etanol de milho podem ter mais dificuldade em certificar seus CBios. No caso das usinas de cana-de-açúcar, é possível saber quem são os fornecedores, pois há rastreabilidade em toda a cadeia, o que facilita a certificação dos CBios. Mas, uma usina de etanol de milho terá mais dificuldade de rastrear em produção. Outro obstáculo para certificação de CBio pela usina de etanol de milho é a fonte energética utilizada no processo industrial.

No caso de usinas de cana-de-açúcar, elas geram sua própria energia, a partir do bagaço. No caso de usinas de etanol de milho, a fonte de energia tem sido um obstáculo. Há algumas que têm de utilizar cavacos de madeira, ou seja, fontes externas e que pesam negativamente no balanço de emissões de gases do efeito estufa. Também há dúvidas sobre os prazos em que os CBios passarão a valer e quem vai poder comprar os CBios. Entretanto, apesar da volatilidade de preços prevista para os CBios, eles não vão tender a zero. Ao contrário, eles devem ter bom preço e se aproximar mais do teto do que do piso. Seria interessante que os preços da gasolina continuem seguindo os preços internacionais, sem interferência governamental, para garantir previsibilidade. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.