14/Nov/2025
O aceno feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que poderá reduzir algumas tarifas sobre as importações de café animou os produtores no Brasil. O setor afirma ter capacidade de suprir no curto prazo a demanda americana, uma vez confirmada a flexibilização do tarifaço. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), em termos de faturamento, os números colocados na exportação brasileira de café não sofreram, porque houve um aumento dos preços. Mas, em volumes exportados, foi uma queda brutal desde agosto. Mas, há muitos contratos em compasso de espera, 'on hold', como caracterizam os norte-americanos. Eles não foram cancelados. Será fácil retomar, porque não é parceiro novo, mas um congelamento de negócios por três meses.
Só em setembro, mês seguinte à entrada em vigor do tarifaço, os Estados Unidos reduziram em 52,8% as importações de café do Brasil, em comparação com o mesmo mês de 2024. O impacto mais forte aconteceu com os grãos finos. O fato de o café ter ficado fora da lista de quase 700 itens isentos da tarifa adicional de 40% (que se soma à recíproca, de 10%) sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos estava pressionando a inflação norte-americana. O café puxa a inflação de um país que não está habituado com inflação, e é um produto consumido por 76% da população. O norte-americano está sentindo falta do café brasileiro. A pesquisa nacional de inflação ao consumidor nos Estados Unidos dos últimos três meses acabou mostrando que o café puxou a inflação da cesta dos alimentos em 38,1%, à frente da carne, também taxada em 50% nas exportações brasileiras, que representou 27,7% dos aumentos.
O índice inclui um amplo conjunto de produtos, até frutas enlatadas, vegetais congelados e enlatados, alimentos processados, leite, frango, suíno, peixe e vegetais enlatados, entre outros. O país é o maior consumidor de café do mundo. A cada dólar que os Estados Unidos importam do produto, a economia movimenta outros US$ 43,00. É um mercado de US$ 343 bilhões ao ano, que representa 1,2% do PIB norte-americano. O Brasil responde por 34% das vendas ao país e menos de 1% do mercado interno é suprido por plantações locais, concentradas no Havaí e em Porto Rico. Sabendo da dependência que os Estados Unidos têm do café brasileiro, em quantidade e qualidade, porque ele é relevante na composição dos blends consumidos, não há outro país que poderia suprir o mercado norte-americano, como o Brasil faz há mais de 150 anos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.