30/Oct/2025
O Rabobank projeta que os preços do café arábica devem recuar ao final de 2026, impulsionados por uma esperada recuperação da oferta global após quatro anos consecutivos de aperto no balanço. A normalização da produção em importantes origens e o efeito prolongado das tarifas norte-americanas e dos preços elevados sobre o consumo devem trazer alívio gradual ao mercado.
Diante desse contexto de alívio no balanço global, há potencial para os preços de café recuarem um pouco no próximo ano, saindo dos atuais US$ 3,80 e caminhando para algo em torno de US$ 3,10 a US$ 3,50 no segundo semestre de 2026. O banco estima superávit de 3,3 milhões de sacas de 60 Kg no balanço global de 2025/2026 (outubro a setembro), revertendo quatro ciclos de déficit consecutivos. O setor começa a sair do cenário de aperto que marcou os últimos anos, com um pouco de alívio à frente.
No Brasil, o Rabobank projeta produção de 62,8 milhões de sacas de 60 Kg na safra 2025/2026, sendo 38,1 milhões de sacas de 60 Kg de arábica (queda de 14% na comparação anual) e 24,7 milhões de sacas de 60 Kg de robusta (alta de 10%). Para 2026/2027, há cautela com o arábica, afetado por clima irregular, geadas e granizo em regiões como o Cerrado Mineiro (MG), mas deve haver leve expansão no robusta, com novas áreas em produção que devem compensar podas em lavouras mais velhas. O otimismo foi diminuindo pouco a pouco por conta do clima irregular nos meses de setembro e outubro.
O Crop Tour do Rabobank começará em novembro por Rondônia e se estenderá até março, quando será divulgada a nova estimativa de safra. As exportações brasileiras devem seguir em ritmo menor. O banco estima embarques entre 39 e 41 milhões de sacas de 60 Kg em 2025/2026, contra 45,6 milhões de sacas de 60 Kg no ciclo anterior, refletindo safras menores e estoques de passagem reduzidos. O consumo interno deve voltar a crescer 1,2% em 2025/2026, para 21,7 milhões de sacas de 60 Kg, após leve retração em 2024/2025.
A volatilidade continuará alta até meados de 2026, sustentada por incertezas geopolíticas e por estoques globais ainda em recuperação. As tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos ao café brasileiro em agosto de 2025 reduziram as exportações do Brasil para os Estados Unidos em cerca de 50% entre agosto e setembro, favorecendo origens concorrentes como Colômbia, Etiópia e América Central. Desde o anúncio da medida, os estoques certificados da Bolsa de Nova York caíram 46%, ou 386 mil sacas de 60 Kg, e seguem em declínio.
Essa tendência de queda dos estoques não vai mudar no curto prazo. O mercado segue pressionado também pela incerteza sobre a implementação da EUDR, a lei antidesmatamento da União Europeia, prevista para entrar em vigor em 30 de dezembro de 2025. O cenário deve estimular importações antecipadas por torrefadores europeus, aumentando a volatilidade até o fim do ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.