ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

16/Oct/2025

Brasil poderá perder espaço no mercado dos EUA

Com o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos importados brasileiros, o Brasil corre o risco de perder espaço no maior mercado consumidor de café do mundo a partir das próximas safras e ser substituído por outros fornecedores. O alerta é do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). O grande receio é perder o maior mercado global, onde estão as principais empresas. É um prejuízo enorme perder o acesso ao maior mercado global para seus concorrentes. Diante da sobretaxa que atinge o café brasileiro, outros países, como México, Honduras e Colômbia, passaram a exportar maior volume aos Estados Unidos. O Brasil levou muito tempo para conquistar o primeiro lugar no mercado norte-americano.

Com novas safras vindo e perspectiva de maior colheita em importantes players, o grande risco é o Brasil ser o maior fornecedor e depois ir para o fim da fila e perder espaço nos blends deste grande mercado, quando a produção mundial de café aumentar. O caminho é resolver isso o mais rápido possível. O Brasil, por sua vez, redirecionou parte do que deixou de vender aos Estados Unidos para países europeus, árabes e asiáticos, minimizando efeitos sobre a balança comercial do setor em movimento de realocação no mercado mundial. No acumulado de janeiro a setembro, o Brasil exportou 29,105 milhões de sacas de 60 Kg, queda de 20,5% em relação aos nove meses de 2024, enquanto a receita gerada saltou 30%, para US$ 11,049 bilhões.

Com a aplicação da alíquota, os Estados Unidos saíram de principal destino do café brasileiro em julho, antes da vigência da sobretaxa, para o terceiro destino em setembro, perdendo o posto de maior importador de cafés do Brasil para a Alemanha. Segundo o Cecafé, os impactos para os exportadores de café são "incalculáveis". Há um prejuízo enorme com custo de postergação de contratos e suspensão e cancelamento de contratos, por isso, não há outra estratégia se não a isenção total aos cafés brasileiros. Se não resolver isso o mais rápido possível, além dos exportadores, os impactos chegarão aos produtores. Dados apontam para queda de 52,8% nos embarques do grão ao mercado norte-americano em setembro, adquirindo 332.831 sacas de 60 Kg.

No ano passado, a exportação brasileira de café para os Estados Unidos somou 8,1 milhões de sacas de 60 Kg e US$ 2 bilhões, 16% de tudo o País exportou. O aumento de 40% no preço internacional do café somado à tarifa de 50% sobre o grão brasileiro inviabiliza os embarques. O Brasil responde por 34% de tudo que os Estados Unidos consomem de café. 76% dos norte-americanos consomem café diariamente. São dois países insubstituíveis no comércio de café. O setor exportador defende que o café seja incluído na lista de exceções ao tarifaço. As sinalizações dos importadores é de que o produto é o item número 1 na lista para potenciais novas exceções. A abertura de diálogo entre os países, que começou com a conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a missão diplomática brasileira ao governo norte-americano, pode contribuir nesse movimento. Talvez seja factível a suspensão geral da tarifa ou a ampliação da lista. O importante é virar a página das tarifas.

O impacto inflacionário do encarecimento do café, que registrou em agosto a maior alta no varejo norte-americano desde 1997 nove vezes superior à média, bem como os efeitos já sentidos pelos consumidores e o fim do estoque da indústria local influenciam ainda no convencimento das autoridades e na pressão da opinião pública para isenção do café. Em paralelo, o setor busca também a diversificação de mercados. Os movimentos de preservação de mercados consolidados, como Estados Unidos e Europa, e a abertura de novos destinos são pautas distintas que não devem se sobrepor. China e Austrália despontam entre os países em crescimento do consumo do grão brasileiro. Nesse cenário de escalada tarifária, estoques mundiais baixos e incertezas quanto à nova safra, os preços do grão tendem a seguir elevados no mercado internacional pelo menos até o fim do ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.