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12/Aug/2025

Preços do café devem se manter elevados no Brasil

Segundo a Organização Internacional do Café (OIC), mesmo que a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras de café para os Estados Unidos seja mantida, dificilmente haverá baixa de preços no mercado doméstico. O quadro atual não está complexo para os produtores como já foi no passado. Os recursos em caixa podem dar o tempo necessário para os cafeicultores verificarem qual será a efetiva situação do País em relação ao que os Estados Unidos farão sobre as alíquotas da commodity ou mesmo para buscar novos mercados. Assim, o preço do café não deve baixar no Brasil mesmo se pararem as vendas para os Estados Unidos. Os produtores estão com a situação financeira equilibrada e podem investir em armazenamento. O grão mais comum pode ficar por cerca de um ano estocado e mesmo os cafés especiais podem permanecer guardados, mas por um período de tempo menor, sem perder a qualidade para a venda.

O preço do café tem sido marcado por altas e recordes este ano, com especialistas prevendo que os valores elevados devem persistir até 2026, o que dá mais margem para que os cafeicultores possam esperar pela venda. Para o consumidor, após 18 meses de subida, o preço do pó caiu pela primeira vez em julho, de acordo com o IBGE. A baixa mensal foi de 0,36%. Desde dezembro de 2023 não havia sido registrada qualquer redução. O valor nas gôndolas dobrou desde então. No curto prazo, o café não deve ser incluído na lista de exceções para itens brasileiros divulgada no fim do mês passado e que deixou 694 produtos sem a tarifa adicional de 40% anunciada em 9 de julho; foi mantida, porém, a alíquota de 10% publicada em 2 de abril, data em que o presidente norte-americano, Donald Trump, apelidou de Liberation Day. Foram beneficiados pelo recuo em 30 de julho aeronaves e suco de laranja, por exemplo.

Havia a expectativa de que os Estados Unidos poderiam mudar de opinião sobre o grão depois que o secretário do Comércio norte-americano, Howard Lutnick, afirmou que seu país poderia reconsiderar e isentar bens incapazes de "crescer" em solo norte-americano, como café, cacau e outros recursos naturais. Ele havia frisado café e cacau nominalmente, mas mesmo assim não vieram na lista. Apesar de não esperar uma mudança imediata, há otimismo quanto à reversão de tarifas sobre o produto por causa da pressão do consumidor norte-americano. Já é um hábito muito arraigado no país o consumo de café e o comprador já começará a sentir a diferença de preços. É provável que o mercado norte-americano vai fazer com que o governo entenda a situação. A busca por novos mercados, porém, não deverá sair do front dos cafeicultores. Um dos destinos que vem chamando mais atenção é o da China.

Apesar de ter havido um aumento de consumo muito grande no gigante asiático, ainda se trata de um nicho pequeno, marcado por jovens de classe alta, e que, portanto, ainda deve demorar alguns anos para que o hábito seja mais disseminado no país. Outras nações, no entanto, devem ser prospectadas. Alguns produtores brasileiros chegaram a pensar em fazer triangulação de suas mercadorias. Por exemplo: vender o produto para México, Etiópia ou Colômbia, que já são fornecedores do mercado norte-americano, e fazer o produto chegar ao destino final de forma indireta. O processo, porém, tende a encarecer o café por causa da logística. Além disso, a estratégia também seria facilmente detectada pelos Estados Unidos por causa dos grandes volumes brasileiros em relação a esses países exportadores e poderia sofrer outros tipos de sanções.

Mesmo antes do Liberation Day, a OIC enviou uma carta aos secretários de Estados Lutnick e Marco Rubio, em fevereiro, para explicar especificidades da produção brasileira e impactos para o País e os Estados Unidos caso Donald Trump desejasse efetivar sua promessa de ampliar as tarifas. Nenhuma resposta foi dada até o momento. Em 2017, os Estados Unidos saíram da OIC, que é uma entidade que congrega produtores e consumidores no Reino Unido. Na ocasião, durante o primeiro mandato de Trump, os Estados Unidos deixaram de ser membros de uma série de instituições multilaterais. Não há previsão de que o país volte a integrar a organização no curto prazo. E, se o fizer, será necessário passar por todo o processo a partir do zero. A China já mostrou interesse em participar da OIC, mas as conversas estão em uma fase inicial e todo o trâmite ainda pode demorar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.