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01/Aug/2025

Cenário para preços globais do café ainda é incerto

A confirmação das tarifas de 50% sobre as exportações de produtos brasileiros pelos Estados Unidos causou surpresa para alguns analistas do mercado do café. Eles acreditavam que o grão poderia ficar isento das sobretaxas, como aconteceu com o suco de laranja. Sem essa definição, não há clareza do que acontecerá com as cotações do grão na Bolsa de Nova York. A consultoria MM Café esperava ver o café isento das tarifas, considerando que é o produto agrícola brasileiro mais importado pelos Estados Unidos. Diante disso, é possível uma revisão das exceções e o café pode ser incluído nas próximas tratativas. Há ainda há muitas especulações sobre a lista de exceção e que são sustentadas pela fala do secretário do comércio Howard Lutnick.

Ele defendeu que produtos não cultivados nos Estados Unidos podiam ser isentos de tarifas. A decisão de Trump joga alguns setores da economia num cenário complicado, em especial aqueles que são reféns dos Estados Unidos como clientes. No caso do café, o momento é de ansiedade, porque um terço do café norte-americano é o Brasil que fornece. A pergunta que fica é qual origem vai colocar o café nos Estados Unidos e se o norte-americano vai conseguir ficar sem o café brasileiro. A Clonal Corretora de Café ficou surpresa pelo fato de o café ter ficado de fora da lista de isenções de tarifas norte-americanas, já que as indicações apontavam que o produto seria beneficiado.

Ainda de acordo com ele, num primeiro momento, o mercado pode entender as tarifas como um fator de forte impacto para a demanda. O tarifaço pode ser entendido como um embargo informal para o café do Brasil, pois não haverá disponibilidade imediata para os torrefadores norte-americanos, que compraram 8 milhões de sacas de 60 Kg do Brasil nos últimos 12 meses. Não há como achar essa demanda toda em um curto espaço. Se o cenário não mudar e o café não entrar na lista de exceção, o norte-americano sairá perdendo. Do lado do Brasil, será necessário abrir o leque para outros mercados. A expectativa é de que haja um bom senso em colocar o café na lista de exceção.

No pior dos mundos, o norte-americano vai pagar mais caro para beber café, porque não tem algum player como o Brasil para fornecer em escala comercial o café verde. Sem a certeza de que o café terá tratamento diferenciado nas tarifas, os analistas divergem sobre a tendência de preços na Bolsa de Nova York. Os contratos futuros podem ter picos e operar no campo positivo no curto prazo, sinalizando uma intenção de compra das posições em busca de estoque certificado, que hoje está em um nível que aguentaria apenas 30 ou 40 dias nos Estados Unidos. A percepção geral é que não tem tanto ‘colchão’ de café nos Estados Unidos para aguentar mais que 30 dias.

Porém, como as exportações serão limitadas pelo tarifaço, haverá aumento da oferta do grão, provocando pressão de baixa para os preços tanto no mercado interno quanto na Bolsa de Nova York. Acredito que haverá um impacto negativo nos preços, pois o mercado deve olhar para a questão de aumento da disponibilidade e o efeito das tarifas para o consumidor final norte-americano. Se o comprador importar a essa taxa tão elevada, ele terá que repassar esse custo. Com isso, o setor produtivo deve em breve conseguir uma solução contra as sobretaxas de Trump. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.