30/Jul/2025
Esta última semana de julho deve ser decisiva para o setor cafeeiro brasileiro, devido à expectativa de início, na sexta-feira (1º/08), da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre a importação de produtos nacionais. Apesar dos esforços diplomáticos, o Brasil ainda não obteve avanços concretos nas negociações com o governo norte-americano. Quanto aos preços, os valores domésticos seguem os movimentos das Bolsas de Nova York e Londres, com oscilações associadas à atuação especulativa de fundos, que vêm ampliando suas posições compradas diante da possibilidade de aumento das cotações, caso a tarifa entre mesmo em vigor.
Não há, até o momento, indícios claros de que os preços internos estejam recuando de forma sistemática exclusivamente em função da medida tarifária. Os Estados Unidos são o principal destino das exportações de café do Brasil. Em 2024, o País respondeu por aproximadamente 23% do total comprado pelos Estados Unidos, em valores monetários, de acordo com estatísticas da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos (USITC). A Colômbia representou cerca de 17% do total das importações norte-americanas, enquanto o Vietnã contribuiu com aproximadamente 4%. Vale lembrar que, no segmento do café arábica, em que o Brasil também lidera os embarques aos Estados Unidos, a Colômbia, principal concorrente, permanece isenta da nova tarifação.
Quanto ao robusta, o Vietnã negocia a aplicação de uma alíquota reduzida de 20%, frente aos 46% inicialmente previstos. É importante destacar o avanço das exportações de café robusta do Brasil ao mercado norte-americano. Em 2002, o País embarcou 93,5 mil sacas de 60 Kg da variedade aos Estados Unidos; já em 2024, esse volume alcançou 693,7 mil sacas de 60 Kg, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). No caso do arábica, os embarques brasileiros somaram 6,65 milhões de sacas de 60 Kg em 2024.
Somadas, as duas variedades, incluindo café torrado e solúvel, representaram aproximadamente 8,13 milhões de sacas de 60 Kg enviadas ao mercado norte-americano no ano passado. Diante dessa representatividade do Brasil nas importações de café dos Estados Unidos, a eventual entrada em vigor da tarifa tende a impactar não apenas a competitividade do café nacional, mas também os preços ao consumidor norte-americano e a formulação dos blends tradicionais, que utilizam os grãos brasileiros como base sensorial e de equilíbrio. O Brasil, por sua vez, pode ser forçado a redirecionar parte de sua produção a outros mercados, exigindo agilidade logística e estratégia comercial para mitigar os prejuízos à cadeia produtiva nacional. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.