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21/Jul/2025

EUA terá dificuldades em substituir café do Brasil

Os Estados Unidos anunciaram que os produtos brasileiros passarão a ser taxados em 50% a partir de 1º de agosto, decisão que pode inviabilizar a exportação de diversos itens, entre eles o café, cujo maior mercado consumidor mundial é justamente o norte-americano. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, levanta preocupações sobre os impactos na cadeia de abastecimento e no mercado do café nos EUA. O país é altamente dependente do café brasileiro para atender à elevada demanda interna, sendo o maior consumidor da bebida no mundo, mas com produção doméstica irrelevante. Atualmente, o Brasil é o principal fornecedor de café aos EUA, respondendo por cerca de um terço do mercado norte-americano. A imposição da nova tarifa obrigaria os Estados Unidos a buscar novos fornecedores, tarefa que não será simples. Os principais concorrentes do Brasil na exportação de café arábica — variedade preferida pelos norte-americanos — são Colômbia, Etiópia, Honduras e Peru.

No entanto, todos esses países têm produção significativamente menor que a brasileira. Na safra 2024/2025, o Brasil colheu cerca de 65 milhões de sacas de 60 kg, sendo mais de 43 milhões de sacas de arábica, o equivalente a 44% da produção global. A Colômbia, segunda maior produtora de arábica, produziu apenas 13,2 milhões de sacas — menos de um terço do volume brasileiro. Vietnã, segundo maior produtor mundial de café no total, com 29 milhões de sacas, cultiva majoritariamente a variedade robusta, que tem menor demanda nos EUA. Diante desse cenário, é pouco provável que qualquer um desses países consiga suprir o volume de café que os EUA hoje compram do Brasil, que gira em torno de 8 milhões de sacas por ano. Como os norte-americanos produzem apenas 1% do café que consomem, a dependência de importações é inevitável. Sem outro grande fornecedor de arábica disponível, a indústria dos EUA teria duas alternativas: aumentar a compra de robusta e alterar a composição do café vendido no mercado interno, ou buscar arábica de outras origens em menor escala, o que elevaria os custos de aquisição.

A escassez de café brasileiro no mercado americano pode contribuir para o aumento dos preços. De acordo com dados do próprio governo dos EUA, o preço do café no país subiu 32,4% entre junho de 2024 e maio de 2025. Com a tarifa adicional, a tendência é que o produto fique ainda mais caro para os consumidores norte-americanos. Diante do impasse, os importadores norte-americanos estão pressionando por uma solução diplomática. A Associação Nacional de Café dos EUA (NCA) vem atuando junto ao governo Trump há meses para tentar reverter a medida. No Brasil, entidades como a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) também defendem o diálogo e a diplomacia como caminho para resolver a situação. Fonte: G1. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.