17/Jul/2025

Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), apesar da tensão gerada pelo anúncio dos Estados Unidos de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras a partir de 1º e agosto, o setor cafeeiro tem embarcado seu produto normalmente. Não há suspensão de exportações. Tanto exportadores brasileiros quanto importadores norte-americanos têm preferido adotar uma postura de cautela, mas sem rupturas. O comportamento da parte do setor importador norte-americano, no caso do café, tem sido de analisar o que está acontecendo, acompanhar, mas em nenhum momento houve qualquer ruptura, ordem para parar embarques, suspender embarques ou algo desse tipo. Diante de incertezas, há uma natural tendência de postergação nas novas negociações. O exportador tende a esperar que as coisas estejam mais claras para negociar.

O Cecafé acredita que o impacto das tarifas sobre a presença do produto no mercado norte-americano será limitado. As características do produto nacional dificultam sua substituição. O consumidor final nos Estados Unidos está habituado ao perfil sensorial proporcionado pelo grão brasileiro. Mesmo que tenha que pagar mais caro, ele prefere isso a abrir mão do seu produto favorito. A avaliação é a de que, mesmo com o acréscimo tarifário, o produto brasileiro continuará competitivo. Enquanto a Colômbia vende com prêmio sobre a bolsa, o café brasileiro, mesmo com qualidade crescente, ainda é vendido com desconto. É razoável imaginar que a tarifa, ainda que afete um pouco o consumidor e o produtor, acaba se diluindo sem mudar o hábito de consumo. Importante destacar que o redirecionamento do volume exportado aos Estados Unidos não pode ocorrer de forma imediata.

Ampliar mercados e volumes leva tempo e exige investimento. O governo tem se proposto a isso. Mas, não é algo que se muda do dia para a noite, como virar uma chave em 1º de agosto. Os Estados Unidos importam cerca de 8 milhões de sacas de 60 Kg do Brasil por ano e seguem como o maior mercado consumidor mundial de café. A China, um dos países com maior potencial de crescimento, teve comportamento oscilante. Em 2022/2023, a China teve um crescimento de mais de 270% nas importações. Em 2023, tornou-se o sexto maior importador. Mas, em 2024, as compras da China caíram 35%, enquanto os Estados Unidos aumentaram em 34%. Por isso, a estratégia de diversificação é importante, mas precisa de consistência. Promover mercado requer tempo, dedicação, investimento. Conquistar novos mercados demanda ações promocionais, marketing, reuniões bilaterais; é um processo complexo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.