16/Jan/2025
Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as exportações brasileiras de café devem continuar em níveis elevados neste ano, mas sem repetir o volume recorde alcançado em 2024, até porque os recordes não acontecem na sequência de anos. A perspectiva é de uma safra menor de arábica e melhores volumes de robusta, mas ainda é cedo para dimensionar o desempenho de embarques. As perspectivas são muito boas em relação ao volume de exportação, com uma safra igual ou maior no robusta. Os preços devem continuar sendo atrativos para o produtor de café. A perspectiva é de preços elevados, tanto para o arábica quanto para o robusta. Esses preços estimulam o produtor a continuar investindo em sua lavoura e produzindo café de mais qualidade, com sustentabilidade e rastreabilidade. Por isso, mesmo sem recorde de volumes em 2025, o ano será positivo para o setor. Se o preço é bom para o produtor, é bom para cafeicultura e para os exportadores. Além dos desafios climáticos do Brasil, o Vietnã, que teve dificuldades na produção de 2024, mas apresenta condições mais favoráveis neste ano.
Isso reduz um pouco a competitividade do Brasil em relação a outras origens. A demanda global continua muito acentuada em comparação à capacidade de produção mundial, e qualquer acidente climático dificulta a questão de suprimento. Também existem desafios para o exportador em função da alta dos juros no Brasil, assim como em função da estrutura de preços no mercado internacional. Captar dinheiro no mercado, pagar taxas de juros e ainda lidar com vendas futuras em um cenário de deságio é uma tarefa extremamente difícil. A China, que em 2023 ocupou o sexto lugar entre os maiores importadores de café brasileiro, ficou fora do top 10 em 2024. O país comprou menos no segundo semestre, mas a perspectiva é positiva em relação ao mercado chinês em 2025, principalmente a médio prazo. O desempenho em 2023 foi muito bom, o que mostra que a China esteve bem presente no momento em que o mercado estava mais competitivo em termos de custo para o consumidor. No entanto, a estratégia de compras chinesa mudou em 2024. A estratégia durante o último ano, tanto para o Brasil quanto para outras origens, não foi de incremento de volume.
As iniciativas em andamento, tanto do governo brasileiro quanto do setor privado, especialmente com a maior rede de cafeterias da China, a Luckin Coffee, podem impulsionar o mercado. Já foi possível perceber no mês de dezembro/2024 uma retomada das compras. A expectativa é de que o volume melhore cresça a partir de 2025. A China ainda está em processo de amadurecimento como mercado consumidor de café. Apesar de já ter alcançado pouco mais de 50 mil lojas de cafeterias, ainda não é um mercado tradicional que compra café regularmente. A China tem potencial para retomar e ampliar suas compras de café brasileiro. O cenário pode evoluir gradualmente, especialmente porque o mercado chinês está em constante amadurecimento e transformação. A Rússia voltou a figurar entre os dez maiores importadores de café brasileiro em 2024, um indicativo de recuperação desse mercado relevante mesmo em meio à guerra com a Ucrânia. Os embarques aumentaram cerca de 680 mil sacas de 60 Kg em 2023 para 1,3 milhão de sacas de 60 Kg em 2024, favorecidos por rearranjos logísticos.
Por isso, a perspectiva é de incremento dos embarques. A interrupção das rotas logísticas e as restrições impostas pela guerra dificultaram as exportações no início do conflito. No entanto, o café brasileiro encontrou novos caminhos, muitas vezes passando por países fronteiriços antes de chegar à Rússia. Com o tempo, as conexões se restabeleceram, e a Rússia voltou a ser um mercado relevante para o café brasileiro. A Rússia, antes da guerra, já era um importante importador de café brasileiro, com volumes que giravam em torno de 1,2 milhão a 1,3 milhão de sacas de 60 Kg. Hoje, o mercado russo se reorganizou e o café brasileiro voltou a ter destaque. Embora o cenário atual ainda seja desafiador, em função da continuidade do conflito, a expectativa para o futuro é positiva. Se com a guerra a Rússia está importando 1,3 milhão de sacas de 60 Kg, sem o conflito é possível que as exportações aumentem ainda mais. Há potencial de crescimento das exportações de café brasileiro para o mercado russo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.