06/Jan/2025
O ano de 2025 promete ser novamente desafiador para a cafeicultura nacional e mundial, sobretudo no que se refere ao atendimento da demanda global. Os preços domésticos e externos, que já operam em patamares recordes, devem permanecer elevados, tendo em vista uma projeção de curto prazo sem grandes aumentos de produção, os estoques apertados do grão e a demanda mundial firme. No Brasil, já são quatro safras em que a produção não renova o recorde – 2020/2021 foi a última temporada em que o volume colhido ficou acima de 60 milhões de sacas. E essa sequência de safras aquém do esperado se deve ao clima desfavorável. A temporada 2025/2026, que será colhida em meados de 2025, ainda terá reflexos do comportamento do clima de 2024 – vale lembrar que o ano registrou forte calor e longo período sem chuvas em quase todas as regiões produtoras brasileiras, com algumas localidades ficando praticamente seis meses sem precipitações. Diante disso, as plantas chegaram no período de florada em condições pouco favoráveis para uma boa carga, sobretudo as de lavouras de sequeiro.
Em outubro de 2024, o clima melhorou, com o retorno das chuvas e temperaturas dentro do padrão normal de primavera. Com isso, as lavouras registraram uma boa abertura de flores, mas o pegamento e o desenvolvimento dos chumbinhos ficaram aquém do normal, em decorrência das condições já debilitadas das plantas. Até dezembro, o clima vinha colaborando, porém, agentes apostam que a safra deve ser novamente inferior, em termos de volume. Além do Brasil, o clima de 2024 também prejudicou a safra do Vietnã, segundo maior produtor global de café. Ou seja, ao menos no curto prazo, não existem variáveis que indiquem alguma recuperação consistente de estoques ou mesmo redução forte de consumo. Vale lembrar que, no correr de 2024, os preços do robusta no Brasil renovaram constantemente os recordes reais, chegando a operar na casa dos R$ 1.800 por saca de 60 Kg. Para o arábica, os valores reais da variedade foram os maiores desde 1997, fechando acima de R$ 2.200 por saca de 60 Kg. Esse cenário de preços elevados resultou em um volume bastante considerável de vendas do grão no Brasil.
Diante disso, pouco café deve ter ficado para ser comercializado até a próxima colheita, que começa em meados de maio de 2025 – o que restou para ser vendido em 2025 corresponde a uma parcela de produtores que prefere segurar o café, à espera de negociar novos lotes apenas quando precisar fazer caixa para as despesas da propriedade. Isso deve continuar sendo verificado nestes primeiros meses de 2025. Além disso, com o setor mais remunerador e com o poder de compra favorecido, produtores puderam realizar os tratos culturais de modo adequado, o que, por sua vez, pode garantir o suprimento de nutrientes e minimizar os impactos climáticos sobre a produção. No front externo, as exportações brasileiras de café apresentaram excelente desempenho em 2024 e esse cenário deve se persistir em 2025, sobretudo no caso do robusta. Além do contexto mundial de baixa oferta e de demanda aquecida, o Real desvalorizado eleva a competitividade do café brasileiro e deixa as exportações mais atrativas ao vendedor nacional. Assim, a expectativa é de que os embarques voltem a superar a casa das 40 milhões de sacas em 2024/25. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.