06/Jan/2025
O ano de 2024 foi marcado pelos elevados preços dos cafés robusta e arábica – os valores internos de ambas as variedades mais que dobraram no ano. As condições climáticas desfavoráveis (estiagem e calor) ao longo de boa parte do ano, a colheita abaixo do esperado no Brasil – que encurtou os estoques – e a menor produção do Vietnã foram alguns dos fatores que alavancaram os valores do grão. Para o robusta, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, atingiu constantes recordes reais da série histórica do Cepea, iniciada em novembro de 2001 – a média mensal deste Indicador saiu da casa dos R$ 740,00 por saca de 60 Kg em dezembro/2023, para a dos R$ 1.800,00 por saca de 60 Kg em dezembro/2024. Quanto ao arábica, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, bebida dura para melhor, chegou ao maior patamar real desde 1997 – em um ano, a média deste Indicador saltou da casa dos R$ 970,00 por saca de 60 Kg para R$ 2.000,00 por saca de 60 Kg.
No geral, os destaques foram as valorizações do robusta – os preços da variedade subiram tanto que operaram acima dos do arábica entre o encerramento de agosto e o início de setembro. Até então, considerando-se as séries históricas de ambas as variedades levantadas pelo Cepea, a única vez em que o café robusta havia fechado acima do arábica foi entre outubro de 2016 e janeiro de 2017. No caso do café robusta, os preços já iniciaram 2024 em significativa alta, influenciados por fatores internacionais e domésticos. A boa demanda externa pelo robusta brasileiro, que vinha sendo observada desde o encerramento de 2023, se manteve firme no primeiro trimestre e também em praticamente todo o ano de 2024. Ataques a navios comerciais no Mar Vermelho prejudicaram a entrada de café do Vietnã na Europa, e esse contexto deslocou demandantes externos ao Brasil. Ainda nos primeiros meses do ano, enquanto a demanda seguia aquecida, no Brasil, o clima mais chuvoso favorecia as lavouras e gerava boas expectativas para a colheita da safra 2024/2025.
Contudo, após abril, praticamente não choveu nas regiões produtoras, o que atrapalhou o desenvolvimento final da temporada. Vale destacar que, mesmo com um verão chuvoso, as lavouras enfrentaram diversos problemas, sobretudo os relacionados a altas temperaturas. Assim, o clima acabou sendo um dos principais fatores para o menor volume colhido no Brasil em 2024. O rendimento dos grãos ficou aquém do esperado em boa parte das praças, e muitos agentes relataram redução no tamanho dos grãos de arábica. No caso do robusta, o rendimento também ficou abaixo do esperado, também devido às condições no campo durante o desenvolvimento da safra. A safra 2024/2025 brasileira de café somou 54,8 milhões de sacas, 0,5% inferior à temporada anterior (2023/2024). Com o fim da colheita, agentes voltaram as atenções à safra seguinte, a 2025/2026. As chuvas, que geralmente começam já em setembro, se intensificaram apenas em outubro, proporcionando alívio significativo aos produtores e estimulando as floradas nas principais regiões.
A continuidade das precipitações em novembro foi fundamental para ajudar no pegamento e na formação dos chumbinhos e para evitar o comprometimento da temporada 2025/2026. Ressalta-se, no entanto, que o alto índice de desfolhamento das lavouras, em especial nas de sequeiro, pode ser um fator limitante para a produção de arábica da próxima safra. Quanto ao robusta, o desenvolvimento da próxima safra já está um pouco mais adiantado, e as chuvas têm colaborado com o pegamento das últimas floradas e com o desenvolvimento dos chumbinhos. Contudo, se o calor não tivesse sido tão intenso em 2024 e o inverno, tão seco, as lavouras poderiam estar em melhores condições para a safra 2025/2026. As exportações brasileiras da safra 2023/2024 (de julho/23 a junho/24) foram recordes, somando 47,4 milhões de sacas, volume 33,3% maior que o da safra anterior. Os excelentes resultados refletem a forte demanda pelo café brasileiro, em especial o café robusta. Neste caso, os envios da variedade somaram 8,24 milhões de sacas, os maiores da série histórica. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.