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04/Sep/2024

Robusta: preço acima do arábica no mês de agosto

O mês de agosto foi marcado pelo constante avanço nos preços do café robusta, o que levou a variedade a encerrar o mês valendo mais que o arábica. O impulso veio, dentre outros fatores, da oferta global restrita. O Vietnã, o maior produtor de robusta, vem sofrendo com adversidades climáticas desde o começo do ano, resultando em expectativa de quedas na produção do café e, consequentemente, em redução nos embarques. No Brasil, a baixa umidade no Espírito Santo, principal Estado produtor da variedade, já preocupa produtores quanto ao desenvolvimento inicial da próxima temporada 2025/2026. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indica que são mais de 100 dias sem chuvas significativas no Estado. No acumulado de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ do robusta tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo, avançou R$ 212,67 por saca de 60 Kg ou 16,7%.

No dia 30 de agosto, o Indicador fechou a R$ 1.483,95 por saca de 60 kg, novo recorde real da série histórica do Cepea, iniciada em novembro de 2001 para a variedade (valores deflacionados pelo IGP-DI de julho/2024). Na mesma data, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica encerrou a R$ 1.448,24 por saca de 60 Kg, com alta de 2,3% no acumulado do mês passado. Diante disso, a diferença entre os preços das variedades foi de R$ 35,71 por saca de 60 Kg, com vantagem para o robusta. Até então, considerando-se as séries históricas de ambas as variedades levantadas pelo Cepea, a única vez em que o robusta havia operado acima do arábica foi entre outubro de 2016 e janeiro de 2017. Ressalta-se que, naquele momento, a maior diferença de preços entre as variedades chegou a R$ 20,00 por saca de 60 Kg (no dia 3 de janeiro de 2017). Isso significa que o robusta nunca esteve tão mais caro que o arábica.

Vale lembrar que o movimento de alta no preço do robusta vem sendo verificado desde o último trimestre de 2023. Assim, os valores atingiram patamares recordes reais em março de 2024, os quais vêm sendo renovados com certa frequência desde então, sobretudo nas últimas semanas. Em agosto, o recorde do Indicador do robusta foi renovado por 10 fechamentos. Por um lado, esse quadro favorece a renda dos produtores de robusta, que podem garantir um bom tratamento nas lavouras, mas, por outro, preocupa pelo lado do consumidor final de café, que deve enfrentar preços mais altos. Para a indústria, o cenário é de atenção, uma vez que o robusta é muito utilizado na composição de blends. Até então, a variedade era mais barata que o arábica e, por isso, mais vantajosa comercialmente. No mercado externo, a elevação no acumulado do mês também foi expressiva.

Na Bolsa de Nova York, o vencimento Dezembro/2024 do arábica avançou 1.485 pontos (6,5%) ao longo de agosto, fechando o mês a 244,05 centavos de dólar por libra-peso. Agentes relataram incêndios em cafezais da região de Mogiana Paulista (SP), mas o fogo não causou prejuízo significativo, foram registradas apenas perdas pontuais. O maior problema continua sendo a falta de umidade, o que tem preocupado produtores quanto à oferta para a próxima safra. O clima adverso vem se arrastando desde os efeitos do El Niño, no segundo semestre do ano passado, afetando a produção nacional de café, que está abaixo do esperado. Nesse cenário, os cafeicultores aguardam um retorno de chuvas mais frequentes em setembro em volumes suficientes para mitigar os efeitos do estresse hídrico em que as plantas atualmente se encontram. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.