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08/Jan/2024

China: consumo crescente no embalo das cafeterias

O consumo de café na China aumentou em dois dígitos na temporada 2022/23, impulsionado pela expansão das cafeteiras em várias das grandes cidades do país em meio a uma demanda crescente dos chineses mais jovens, o que tem favorecido embarques do Brasil, maior exportador global. O volume de café consumido pela China na temporada 2022/2023 (outubro-setembro) cresceu 15% ante o ano anterior para 3,08 milhões de sacas de 60 Kg, de acordo com dados da Organização Internacional do Café (OIC). Já o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estima o consumo chinês em 5 milhões de sacas de 60 Kg na nova temporada (2023/2024). Enquanto isso, as exportações de café brasileiro para a China superaram 1 milhão de sacas pela primeira vez em um ano, se tornando o 8º principal destino do grão nacional. A China importou 1,152 milhão de sacas no acumulado deste ano até novembro, mais do que triplicando suas importações frente ao mesmo período de 2022.

Apesar do forte crescimento, em meio a uma disputa das redes de cafeterias pelos clientes, a China ainda tem um consumo relativamente modesto para o tamanho do país e quando se compara com os volumes dos dois maiores consumidores, os Estados Unidos e o Brasil, que demandam mais de 20 milhões de sacas de 60 Kg por ano. Entretanto, de acordo com o USDA, a China já será o sétimo maior consumidor mundial em 2023/2024. O avanço no consumo ainda destaca o potencial da China para aumento da demanda e reflete uma mudança cultural sobre o hábito de beber café semelhante à vista em outros países asiáticos, como Japão e Coreia do Sul. As exportações brasileiras para a China em 2023 deverão representar um volume mais de dez vezes maior na comparação com 2017, quando o Brasil exportou apenas 82,56 mil sacas.

Esse aumento se dá muito pelas mudanças culturais relacionadas à população mais jovem, atraída por hábitos ocidentais. A maioria das pessoas no interior da China ainda bebe apenas chá, mas a geração mais jovem, os estudantes universitários, as pessoas que viajaram para o exterior, bebem café, segundo o Grupo Alegra, uma empresa que organiza feiras de café em todo o mundo e publica dados sobre o mercado. É a geração jovem que vai impulsionar o consumo daqui para frente. A China superou recentemente os EUA como o país com o maior número de cafeterias de marca no mundo, crescendo surpreendentes 58% nos últimos 12 meses, para 49.691 pontos de venda. O crescimento do consumo na China é puxado pelos jovens, mulheres e por aquelas pessoas que circulam nos ambientes corporativos das grandes metrópoles.

O café é símbolo do Ocidente, da cultura ocidental, então por questão de status a pessoa vai à cafeteria, é um local de socialização para encontrar amigos. O Brasil tem aproveitado este impulso das mudanças culturais, tendo concluído recentemente uma parceria com a rede chinesa de café Mellower para promover o grão brasileiro em áreas metropolitanas. O Cecafé esteve conversando com a Luckin Coffee, maior rede de café da China, visando um projeto semelhante. Além do forte crescimento em volume, outro aspecto da indústria cafeeira na China é que as lojas e os consumidores procuram grãos de alta qualidade. Eles procuram variedades incomuns, premiadas, raras e processos de produção inovadores. Essa também é uma característica do mercado asiático em geral. 90% dos cafés de elite do leilão Cup of Excellence de múltiplas origens são vendidos a compradores asiáticos. Esse fenômeno existe há décadas.

Segundo a Euromonitor, há uma competição acirrada entre redes locais, que tentam abocanhar a maior fatia possível do mercado em crescimento, e empresas estrangeiras como a Starbucks, que abriu mais de 700 lojas na China só no ano passado. A Alegra estima que a chinesa Luckin Coffee adicionou 5.059 lojas nos últimos 12 meses, enquanto outra rede chinesa, a Cotti Coffee, abriu 6.004 pontos de venda no período. A escala da oportunidade é tal que ambas - cadeias locais e internacionais - terão de ser muito agressivas no confronto umas com as outras e penso que isso deverá garantir um mercado muito dinâmico nos próximos anos. A Luckin abriu 2.400 lojas somente no terceiro trimestre de 2023, elevando o número total de pontos de venda no país para mais de 13.200. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.