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22/Dec/2023

Exportações de café robusta são positivas em 2023

O Brasil, maior produtor e exportador de café, deve fechar 2023 com embarques de 39 milhões a 40 milhões de sacas de 60 quilos, volume semelhante ao de 2022. O desempenho se deve especialmente ao café robusta, cujos embarques surpreenderam no segundo semestre e compensaram os resultados mais fracos no primeiro semestre, que refletiu a safra anterior, menor. O volume de exportação no primeiro semestre foi fraco porque era o fim de uma safra pequena, 2022/2023, somado ao produto remanescente de safra anterior, 2021/2022, também pequena, segundo o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé). As duas temporadas foram marcadas pela estiagem e geadas que afetaram a variedade arábica, a principal exportada e que representa 70% da produção nacional. Com isso, a produção de robusta ficou praticamente 100% concentrada no consumo das indústrias do mercado interno, para compensar o déficit de arábica. A partir do segundo semestre, os grãos robusta (conilon) foram essenciais na recuperação das exportações.

A partir de julho, com a entrada no mercado da nova safra de café, 2023/2024, as cotações futuras do café robusta na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe) começaram a se recuperar - a produção do Vietnã, maior produtor mundial de robusta, e a Indonésia, importante produtor mundial, foram prejudicados pelo fenômeno climático El Niño. Isso trouxe uma demanda mais acentuada para cafés do Brasil. O café robusta brasileiro tornou-se competitivo em comparação com seus concorrentes. O Brasil exportou recorde de 3,380 milhões de sacas de café robusta no período de julho a novembro de 2023, aumento de 421% em comparação com igual período de 2022, mostram os dados mais recentes do Cecafé. Já a exportação de café arábica no período foi de 13,974 milhões de sacas, apenas 0,1% maior ante 2022, mas, mesmo assim, segundo melhor resultado dos últimos cinco anos, só inferior a 2020 (16,19 milhões de sacas), quando o Brasil colheu safra recorde de café.

Com essa recuperação no segundo semestre, puxada pelo robusta, consideramos 2023 como muito positivo, pois ampliamos as variedades exportadas, concentradas no arábica até o ano passado. Embora o Brasil possa manter estável o volume de café exportado em 2023 em relação ao ano anterior, a receita cambial dificilmente terá a mesma recuperação. De janeiro a novembro, enquanto o faturamento com exportação de café registra queda de 15,3%, o volume embarcado recua apenas 3,2%. Essa desproporção se explica pela diferença de preço, pois houve aumento dos embarques de robusta, cuja cotação média é inferior ao do arábica. Mas o importante é que ampliamos o leque de destino, atendendo outros mercados, como a China, e o nosso conilon (robusta) está substituindo outros países produtores, em particular da Ásia (Vietnã e Indonésia). Não fossem os problemas da logística, haveria condições de exportar mais, alguma coisa em torno de, pelo menos, 15%.

A melhora logística está longe de ocorrer, com gargalos rodoviários, ferroviários e, principalmente, portuários e a limitação de equipamentos e terminais. O Cecafé considera que a expectativa é positiva para a exportação de café em 2024, quando comparada com os resultados deste ano. As perspectivas para o primeiro semestre de 2024 são boas, pois deve se continuar mantendo os volumes embarcados do segundo semestre de 2023. Se o clima continuar favorável às lavouras de café, isso iria beneficiar a produção de arábica e de conilon, o que nos daria motivo para acreditar em um segundo semestre do ano que vem também bom e, finalmente, um ano calendário em 2024 melhor do que 2023, ponderando que existe a possibilidade de uma forte atuação do fenômeno climático El Niño em 2024. Com relação aos preços internacionais do café, salvo algum acidente climático, não deve ter grande variação nas cotações, mas é fundamental o acompanhamento do desenvolvimento dos grãos, das questões geopolíticas e o impacto no dólar. Tudo tem de ser acompanhado de perto, mas as perspectivas para 2024 são positivas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.