ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

07/Dec/2023

ES: estiagem e calor prejudicam lavouras e pecuária

O fenômeno El Niño e as mudanças climáticas seguem causando estragos na agropecuária do País. Nem o fato de ser o Estado com maior percentual de propriedades irrigadas do Brasil, com 43%, segundo o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), livrou o Espírito Santo de perdas na agropecuária com as altas temperaturas e a estiagem que atingem o Estado desde setembro. Segundo a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), a combinação de temperaturas muito elevadas e redução das chuvas tem causado muito prejuízo à agropecuária. Ainda não dá estimar o percentual, mas com certeza haverá perdas, com mais efeitos na região norte, a mais irrigada e que teve menos chuvas neste ano. A evaporação maior reduz o volume de água das barragens e rios e a falta de chuvas causa o abortamento de flores. Esta época deveria ser de enchimento dos grãos do café, principal cultura agrícola do Estado, mas o forte calor e a redução da irrigação diminuem o metabolismo da planta, o que deve se traduzir em menor produção na próxima safra e frutos menores.

Há prejuízos também na produção de pimenta-do-reino, mamão e gengibre, culturas em que o Espírito Santo é o maior produtor nacional e exportador, e nas frutas e hortaliças, entre outras. O ciclo normal de chuvas no Espírito Santo é bem definido: chove do final de setembro até março ou abril e depois é o período seco. Neste ano, no entanto, só houve chuvas esparsas desde setembro. O Estado deveria estar na plenitude de um ciclo hídrico, mas, em novembro, por exemplo, era esperado de 180 mm a 250 mm, dependendo da região, mas choveu apenas um terço. Os produtores estão seguindo a orientação de economizar água em dezembro e só irrigar as lavouras à noite para evitar a evaporação. Em dezembro, os modelos meteorológicos também mostram chuvas abaixo do normal. O Estado tem sofrido nos últimos anos com os efeitos das mudanças climáticas. Fenômenos extremos têm acontecido em intervalos muito curtos, com a maior chuva da história em dezembro de 2013, a seca mais intensa em 2016 e 2017, muita chuva em algumas regiões em 2020 e 2021 e agora chuvas bem abaixo do esperado.

Na região norte do Estado, as prefeituras já estão fazendo levantamentos para decretar situação de emergência pela estiagem. Alguns dos municípios com agricultura mais impactados são Baixo Guandu, Mucurici, Pedro Canário. Pinheiros, Montanha, São Mateus e Água Doce do Norte. Em Água Doce do Norte, os agricultores já calculam perdas de 30% a 40% na produção. São pelo menos 60 dias de sol muito quente. Os grãos não estão se formando e os açudes estão com falta de água para a irrigação. Até o café novo que ainda não está produzindo está sofrendo os efeitos dessa seca. Muitos produtores pedem à prefeitura para enviar máquinas para as propriedades com o objetivo de desviar água para os açudes. Mesmo com a irrigação, a perda dos produtores de café deve ficar entre 20% e 30% porque sem a água na época correta os grãos ficam chochos, sem massa. O calor causa um amadurecimento precoce do café, as pragas atacam mais e as lavouras precisam de mais irrigação.

Mas não tem água suficiente para isso nem para encher as barraginhas construídas neste ano. Ou seja, o produtor tem que investir mais para colher menos. A pecuária também sente os efeitos. Os córregos começaram a secar, os rios estão bem estreitos e o pasto muito baixo. Na região sul do Estado, o cálculo das perdas por parte dos agropecuaristas não é diferente. Mesmo com irrigação, a roça de milho está muito seca, com folhas murchas. O volume de água reduziu muito nos rios e o poço artesiano não está dando conta. Deve haver perdas significativa na lavoura de milho, o custo com ração aumentou e alguns pecuaristas complementam a ração das vacas com cana-de-açúcar. No município de Atílio Vivácqua, a temperatura tem chegado a 40°C. Além disso, a queda do preço do leite é uma preocupação. Este ano choveu menos da metade da média histórica. Não foi possível plantar silagem devido à estiagem.

Essa situação aumenta o custo, derruba o planejamento e impacta na prenhez das vacas porque, com a temperatura tão alta, não dá para fazer inseminação. A falta de água deste ano já lembra os piores anos de seca vividos na região, em 2014 e 2015. Essa estiagem só não é um problema maior para o produtor de leite que a queda de preços de produto causada neste ano pela importação desenfreada e sem critérios do leite. Segundo informações do Climatempo, o Espírito Santo poderá ter períodos longos sem chuva também em dezembro. Além disso, a tendência é de temperaturas acima da média. Em Água Doce do Norte, a FieldPRO indica menos de 10 mm totais de chuva até o dia 10 de dezembro e temperatura de até 32°C, e menos de 12 mm na próxima semana. Em Atílio Vivácqua, a previsão é de um pouco mais de chuvas, com pico de 29 mm no sábado (09/12). A temperatura bate nos 34°C. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.