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14/Dez/2022

Dióxido de carbono pode reduzir incidência de praga

O aumento da emissão de dióxido de carbono, ou gás carbônico (CO²), reduz a incidência do bicho-mineiro, uma das piores pragas do cafeeiro no Brasil, capaz de causar perdas de até 50% na cultura. A conclusão é de um estudo desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Meio Ambiente). O trabalho mostrou também impactos positivos na altura das plantas, número de folhas e diâmetro do caule, mas nenhum efeito na incidência da ferrugem, outra doença muito nociva a essa cultura no País. O experimento aplicou o Face - Free Air Carbon-dioxide Enrichment (Face Climapest), que permite a emissão de dióxido de carbono a céu aberto para avaliar os efeitos do gás nas plantas de interesse agropecuário.

O Face Climapest idealizado pela Embrapa Meio Ambiente com base nesse modelo, foi o primeiro da América Latina e o único no mundo a estudar a cultura do café nesse ambiente. Além disso, foi também pioneiro na priorização do estudo de problemas fitossanitários. Para a Embrapa Meio Ambiente, as mudanças climáticas representam uma ameaça às plantas, mas poucos estudos consideram o seu efeito sobre doenças e pragas de plantas, especialmente em biomas tropicais com culturas perenes. O Face Climapest proporcionou conhecer o efeito desse aumento no café e em suas principais doenças e pragas, em estudos conduzidos a céu aberto, em condições mais realistas, para entender o efeito do aumento de dióxido de carbono na incidência de pragas e doenças. Experimentos assim requerem estudos que podem levar mais de três anos para plantas perenes, como o café.

Segundo a pesquisa, ao longo dos três anos de avaliação, o diâmetro dos cafeeiros cultivados sob dióxido de carbono elevado foi de 3% a 12% maior do que os submetidos ao carbono-ambiente em todas as avaliações. O número de folhas apresentou variação ao longo do período, uma vez que foi influenciado por fatores externos, além do dióxido de carbono como, por exemplo, colheita manual e incidência de pragas. Mesmo assim, das 17 avaliações realizadas, 10 apresentaram maior número de folhas. A incidência da ferrugem do cafeeiro nos tratamentos com aumento de dióxido de carbono foi baixa e estatisticamente semelhante, nos anos de 2014 e 2015, em virtude das condições climáticas e da aplicação de fungicidas. Por outro lado, a incidência do bicho-mineiro foi menor em plantas cultivadas sob o aumento de dióxido de carbono, o que mostrou a mesma tendência apresentada em resultados preliminares conduzidos no FACE Climapest entre 2011 e 2013.

O Face Climapest foi instalado em março de 2011 na Embrapa Meio Ambiente, utilizando mudas das cultivares de café Catuaí Vermelho IAC e Obatã IAC. As mudas foram transplantadas em uma área de 7 hectares com 12 parcelas experimentais, sendo que metade recebia o enriquecimento com dióxido de carbono e a outra metade da área, plantas sob concentração natural de dióxido de carbono. O gás foi injetado de modo que o vento promovesse uma mistura do dióxido injetado com o ar e o transportasse para o centro das parcelas. A Embrapa Instrumentação ficou responsável pela estrutura baseada em uma rede de sensores sem fio, que permitiram que as mudanças de concentração de dióxido de carbono, influenciadas pelo vento, fossem rapidamente acompanhadas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.