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07/Dez/2022

Ano de 2022 foi desafiador para o setor cafeeiro

Geadas intensas, interrupção no fornecimento de insumos por causa da guerra no Leste Europeu e os consequentes aumentos dos custos para a produção fizeram do ano de 2022 um “outlier” para o setor cafeeiro, desde antes até depois da porteira. Essa é uma das conclusões a que chegaram representantes das várias entidades representativas da cadeia produtiva e comercial do café no estudo “Agronegócio do Café - Produção, Transformação e Oportunidades” feito pelo Departamento de Agronegócio (Deagro) da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp). Estes eventos acabaram por estreitar ainda mais as margens do setor que, historicamente, já são apertadas. O ano de 2022 foi um outlier (ponto fora da curva) para o setor. Em algumas regiões produtoras ocorreram três geadas seguidas. Os preços dos insumos agrícolas, que representam mais de um terço do custo do produtor subiram sensivelmente em decorrência da redução do fornecimento de fertilizantes e defensivos ocasionada pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

As perspectivas para o próximo ano, ainda dependentes de confirmação, são alvissareiras porque as chuvas já se mostram mais regulares nas regiões de lavouras e as plantas já responderam com uma boa florada aos índices pluviométricos. Mas, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), ainda é cedo para se falar em queda de preços na ponta do consumidor mesmo com as boas notícias vindas do campo e a queda dos preços da commodity no mercado internacional. Essa questão envolve ao mesmo tempo as margens do produtor e os preços nas gôndolas dos supermercados. Primeiro é preciso ter em mente que há diferença entre preço de bolha e preço recebido pelo produtor. Esse café que será colhido em 2023 já foi negociado. O preço que a indústria recebe não é o mesmo que o produtor recebeu ou está recebendo. Segundo é que antes de a indústria repassar queda de preços é preciso ver antes se a expectativa de aumento da safra vai mesmo se confirmar.

O setor aguarda a posição da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a safra do ano que vem. Mas, ainda tem muita coisa para acontecer até a próxima safra e 2022 foi um ano de aumento de custos para a indústria, com alta de 150% e só 50% foi repassado. O setor tem listado alguns desafios a serem enfrentados já a partir do próximo ano. Um deles reside na pauta de exportação e tem relação com a necessidade de se agregar mais valor ao produto. Isso porque o Brasil, maior produtor e exportador do grão no mundo, continua embarcando 60% de café verde. Aí entra na pauta outro desafio, que é o de atuar junto ao fisco para redução das médias tarifárias aplicadas nas exportações do café torrado e moído e do café solúvel. As tarifas são também restrições às exportações de valores adicionados do setor. Ou seja, o tributo para importação de café de outras origens e qualidades diversas para serem exportados com adição de valores é muito alto no Brasil.

Isso não ocorre em países que não tem um pé de café plantado, como Alemanha e Suíça, por exemplo, e que têm marcas de cafés sofisticadas e mundialmente conhecidas pelo seu alto índice de valor agregado. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) pontuou como absurdo o fato de a maior indústria de café solúvel do planeta ter a sede no México, país que apesar de ser um grande produtor de café é dono de um baixo consumo da bebida. O Brasil tem o segundo maior mercado mundial de café, tem um consumo grande, mas precisa dar maior competitividade à indústria. O setor tem também como meta ajudar a Conab a reforçar seu quadro de suprimento de café. O setor confia na Conab, mas enxerga espaço para melhorar a base de dados. Isso passa pela questão orçamentária, de pessoal e tecnologia. O desejo é reforçar a Conab como um grande provedor de estatísticas para o setor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.